MEMÓRIA DA BOLA



Em 1966 o Noroeste teve façanhas históricas
A PRIMEIRA QUEDA 

Uma das fotos do E.C.Noroeste em 1966: a partir da esquerda, o jovem goleiro reserva Tobias, aos 17 anos iniciando a carreira, Brito, Virgílio, Geraldo, Ilzo, o goleiro titular Claudio, e Lourival; agachados, Warley, Rubens Salim, Zé Carlos, Romualdo e Plínio.
Foi um ano de muitas extravagâncias, o Noroeste ganhava dos grandes e perdia dos pequenos.
A memória dos velhos torcedores não apaga, por exemplo, a lembrança daqueles 4 a 3 arrancados em pleno Parque São Jorge, ao Corinthians de Dino Sani, Flávio, Rivelino, e do goleiro Heitor, a partir daí banido do clube para sempre. Também a Portuguesa de Desportos, de Leivinha, Ivair & Cia. , no reduto do Canindé, não escapou do nocaute: 2 a 1.
E o que dizer então da famosa "Academia", de Djalma Santos, Djalma Dias, Dudu e Ademir da Guia, nomes ilustres para qualquer seleção? Esse Palmeiras, que acabaria campeão paulista de 1966, também foi obrigado  a se render em Bauru: 2 a 1, em jornada duplamente iluminada, porque naquela noite pela primeira vez acenderam-se as luzes do estádio "Alfredo de Castilho".
Assim foi caminhando o Noroeste no Paulistão de 1966, afrontando os poderosos, mas tropeçando na raia miúda, dentro e fora de casa. Até o jogo praticamente decisivo quando recebeu o último grande, o São Paulo F.C....    

O quarto-zagueiro Roberto Dias, estrela do Tricolor em 1966
A ESPERA DO SÃO PAULO

Afastado da luta pelo título, mas já pensando no time para 1967, o Tricolor cobiçava o futebol de Lourival, revelação do Noroeste e apontado como o melhor volante do Paulistão. Um dia antes do jogo a delegação já estava em Bauru. Agito nos bastidores. Conversa vai, conversa vem, o alto comando tricolor convenceu o técnico Aymoré Moreira a mudar radicalmente a equipe. Aymoré sacou o trio atacante titular - Prado, Babá e Paraná - e escalou - Santo Deus! - os desconhecidos Fernandes, Adilson e Minguinho.
Seria um regalo para o Noroeste. Do futebol elegante e eficaz de Lourival saiu o passe para o gol do centro avante Almeida: Noroeste 1 a 0. Do outro lado, o trio atacante escalado por Aymoré dava conta do recado, isto é, não fazia nada, o jogo perto do final.
Ah!, um detalhe. Além das ordens determinando as mudanças do técnico Aymoré, os dirigentes sãopaulinos tinham alertado o Noroeste sobre as eventuais arrancadas do quarto-zagueiro Roberto Dias, capitão e estrela do Tricolor. Não deu outra. Lá pelas tantas, irritado com a ociosidade do trio escalado por Aymoré, Dias partiu em disparada da defesa e só terminou a carreira depois de enfiar a bola nas redes noroestinas: 1 a 1, Noroeste em último lugar, rebaixamento à vista!....Em tempo, Lourival seria mesmo vendido ao São Paulo.

João F. Tidei de Lima/ Historiador

Postar um comentário