SER NOROESTINO



Wander
Ah, o que é ser noroestino? É uma doença? Doidivana paixão? Bênção dos céus? É a sorte grande? O primeiro e único mandamento do noroestino é ser fiel e amar o Norusca.

Daí, que a bandeira alvirrubra cheira a tudo neste mundo.

Cheira a mulher amada.

Cheira a lágrimas.

Cheira a grito de gol.

Cheira a dor.

Cheira a festa e a alegria.

Cheira até mesmo perfume francês.

Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, tremula ao vento.

A gente muda de tudo na vida. Muda de cidade. Muda de roupa. Muda de partido político. Muda de costumes. Até de amor a gente muda.

A gente só não muda de time, quando tem as iniciais ECN, do Esporte Clube Noroeste, gravadas no coração.

É um amor cego e tem a cegueira da paixão.

Já vi o noroestino agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados.

Já vi noroestino rasgar a carteira de sócio do clube, sair do Alfredão pisando duro no chão e jurar aos gritos:

- Nunca mais torço pelo Noroeste!

Já vi muito noroestino falar assim, mas, logo em seguida, eu o vi catar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazer com o retrato da amada.

Que mistério tem o Noroeste que, às vezes, parece que ele é gente?

Que a gente associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, tio, prima)?

Que a gente o confunde com a alegria que vem da mulher amada?

Que mistério tem o Noroeste que a gente confunde com uma religião?

Que a gente sente vontade de rezar “Ave, Norusca, cheio de graça?”

Que mistério tem o Noroeste que, à simples presença de sua camisa vermelha, um milagre se opera?

Que tudo se transfigura num mar branco e vermelho?

Ser noroestino é um querer bem. É uma ideologia. Não me perguntem se eu sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou noroestino e, nesse amor, pertenço ao maior partido político que existe: o Partido do Esporte Clube Noroeste, o PECN, onde cabem homens, mulheres, jovens, crianças.

Diante do Noroeste todos são iguais: o bancário pode tanto quanto o banqueiro, o prefeito quanto o vereador, o desempregado quanto o patrão, o policial quanto o presidiário, o operário vale tanto quanto o industrial. Toda manhã, quando acordo, eu oro: obrigado, Senhor, por me ter dado a bênção de torcer pelo Noroeste.

Wander Florêncio

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