25 ANOS DA SANGUE RUBRO COMEMORADOS EM GRANDE ESTILO


Estive na Festa da Sangue Rubro no último domingo, 10/12, numa chácara distantes 8 km, atrás da antiga fábrica da Coca Cola. Confesso que nunca dantes havia andado por aquelas paragens e me espantei com a quantidade de gente presente. Propriedade do pai do Gustavão, um dos torcedores mais aguerridos e participantes, reencontro muitos conhecidos e todos fazendo dali um local para discutir um amor em comum, o Esporte Clube Noroeste. Identifico-me com a Sangue por causa de algumas particularidades e a principal delas é a união dentre seus participantes. Vejo nela um algo mais a diferenciá-la de muitas torcidas organizadas, pois ali muita gente da minha idade, que não está interessada em outra coisa que não seja torcer e discutir a relação com seu time do coração. E isso vale qualquer esforço. Até a distância parece tornar-se pequena nesses momentos.

Uma camiseta nova, com uma imagem comemorativa dos 25 Anos. Como deve ter sido difícil manter-se viva durante esse tempo todo, suportando as idas e vindas desse time, uma hora no auge, outras no ostracismo e quase padecendo de falência múltipla dos órgãos. Todos seus aguerridos membros aprenderam a conviver com isso e numa festa como a ocorrida, o momento de por para fora, extravasar um pouco da paixão coletiva. Gente que você está acostumado a conviver nas arquibancadas, trocar cumprimentos, estão ali naquele momento e uma possibilidade de uma maior aproximação. Seus dirigentes sabem como conduzir isso tudo e só pela presença de torcedores de vários times de outras localidades, um ótimo sinal de que o negócio a prevalecer é o futebol e não uma rivalidade sem sentido.

Foi ótimo o papo com o locutor esportivo Rafael Antonio (nutre um amor incondicional pela Estação da NOB, como eu) e conhecer um pouco mais dos bastidores de um sonhador, vivenciando a loucura de transmitir basquete e futebol, viajando como pode, tudo para continuar exercendo uma profissão que é a sua paixão. Maravilhoso cumprimentar seu Raja, nosso torcedor mais velho e com espírito de moleque travesso. Foi bom rever o ex-jogador e técnico Marco Antonio Machado, sempre ponderado e um que poderia estar atuando junto à equipe atual. Rever Jorjão Fernandes, um zagueirão que veio do Rio, São Gonçalo para jogar por aqui e nunca mais daqui saiu, isso há 30 anos atrás, sempre sorridente e cheio de belas histórias. Muito bom também conversar novamente com Cláudio Amantini, um presidente de clube à moda antiga, ao estilo Vicente Matheus, como não mais é permitido nos dias atuais. Bom também um churrasco preparado por amigos experientes e um chopp gelado, tudo bancado pelos meros R$ 20 reais do convite, com direito a uma camiseta.

Deixo de estar num monte de outros lugares, mas não abro mão de comparecer nas festas da Sangue, pois ali converso sobre um futebol que se esvai entre os dedos, todos saudosistas, cientes de que os tempos são outros, que talvez a nostalgia e a magia que todos gostariam de ver em campo e nos bastidores não mais ocorrerá, mas mesmo assim não arredam o pé de continuarem torcendo e acreditando no impossível. Estar no meio de gente assim é algo a fazer um bem danado para qualquer ser humano com a sensibilidade à flor da pele. Todos ali estavam sorridentes, porém apreensivos, mesmo num dia de festa, pois em pouco mais de um mês o time estará começando uma batalha dentro da série AII do Paulistão e as perspectivas não são nada animadoras. Mas como todos os presentes gostam muito desse time, mesmo com todas as adversidades continuam piamente acreditando numa máxima repetida por padres quando oficializam os casamentos nos templos religiosos: “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza”.

Tem momentos onde prefiro muito mais torcer por um time como o meu Noroeste do que continuar incentivando com o meu sofrimento a algo tão cruel como o que permeia os bastidores do futebol atual a envolver os grandes clubes e a CBF. Tudo virou um grande negócio, uma grande empresa onde alguns poucos se beneficiam e lucram muito em nome de algo coletivo. Não que isso não ocorra no Noroeste, mas amor é amor. Um futebol com cada vez menos espaço para um Sócrates, por exemplo. E continuo por ter aprendido a fazê-lo lá atrás e desse vício não conseguir mais abandonar. Entendo cada lance dos bastidores e prefiro sempre estar ao lado dessa gente das arquibancadas do que jogar conversa fora com as bestialidades dos dirigentes. Esse meu lado e dele não me afastarei. E na saída ver aquela rapaziada de várias torcidas, todos juntos numa animada e fraternal pelada foi mesmo de arrepiar. Viva a Sangue, 25 Anos e o Noroeste, 101 Anos. 
Henrique A.Perazzi ( diretamente do Mafuá do HPA

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