Memória da bola

Compenetrado, Ademir da Guia (de óculos) faz anotações durante encontro de técnicos principiantes
SOBRE O DIVINO MESTRE
Dez, entre dez palmeirenses da velha guarda, escalam, no estalo, o meia Ademir da Guia, nascido em 1942, no melhor Verdão de todos os tempos.
A maioria também se rende à excelência do seu futebol como o maior ao longo da história do clube, que ele serviu entre 1961 e 1975.
O antigo colega Leivinha diz que ele era insuperável, na elegância, no toque refinado, e na visão do campo como um todo.
Várias vezes campeão paulista e brasileiro pelo Palmeiras, nos anos 1960/70, selecionado para a Copa de 1974, na Alemanha, aposentado como jogador, perto dos 40 anos, Ademir seguiu encarando outros desafios.
Foi se qualificar para trabalhar nas escolinhas de futebol, públicas e voltadas para os menores carentes.
A foto registra, na década de 1990, um encontro de técnicos, visando também uma ação preventiva contra o uso de drogas pelos garotos. 
Na primeira fila, à partir da esquerda, pernas cruzadas, fazendo anotações, Ademir da Guia, seguido do antigo companheiro de time, o quarto-zagueiro Alfredo Mostarda (de boné), o ex-lateral esquerdo da Portuguesa, Carpinelli, e o ex-centro avante Silva, que começou no São Paulo, passou pelo Corinthians e Flamengo, e alcançou a seleção na Copa da Inglaterra, em 1966.
 Em 1998, com esta seleção, o Japão chegou pela primeira vez à Copa.
TORCENDO PELO JAPÃO
Tão longe e tão perto. É o Japão. Ouço falar dele desde a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), a que matou mais de 50 milhões de pessoas, e onde o Japão entrou arrastado pelo seu nacionalismo militarista.
A resposta do imperialismo norte-americano foi pior do que todas as ondas de todos os tsunamis somados. Só aquelas bombas atômicas que varreram Hiroshima e Nagasaki, em 1945, mataram, a curto, médio e longo prazo, mais de 200 mil pessoas. Deixando mutilações que atravessaram o século.
Cresci, em contacto com imigrantes e filhos de imigrantes japoneses. Na escola, no trabalho, nos campinhos de terra, na política. Impossível não reparar, e admirar, naquela cultura, a organização, a disciplina, o respeito...E a valorização da Educação, um dos fatores básicos na emergência do Japão como a segunda potência mundial algumas décadas depois. 
Quando já estava também entrando em campo, no futebol cada vez mais globalizado. E reclamando um lugar na Copa do Mundo. Desembarcou na França, em 1998, com a escalação da foto: em pé, da esquerda para a direita, o brasileiro Wagner Lopes, Norio Omura, Eisuke Nakanishi, Naoki Soma, Yoshikatsu Kawaguchi, Kazuyoshi Miura; agachados, Hiroshi Nanami, Motohiro Yamaguchi, Hidetoshi Nakata, Yasuto Honda, e Masami Ihara.
Em 2002, todo mundo viu, o Japão foi exemplar, ao lado da Coréia do Sul, como sede da primeira Copa do Mundo fora da Europa e da América.
Hoje, além da admiração pelo país e pelo seu povo, vai a minha torcida.Porque o jogo que aí está é macabro e traiçoeiro.

Por  João F. Tidei Lima (Historiador)

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