Presidente e vice parecem não falar mesma língua. Polêmica da vez é outra suposta parceria no clube
O zagueiro Cazão já tinha deixado a entender que o grupo
estava rachado após a derrota para o Santo André. Mas parece que não é só o
elenco. A diretoria do Noroeste também indica que está dividida. O
vice-presidente Filipe Rino e o presidente Anis Buzalaf Júnior não conseguem se
entender no comando do clube.
A polêmica da vez é uma suposta parceria que o presidente
tentou costurar sem consultar os demais membros, sobretudo os irmãos Filipe e
Thiago Rino, membros da diretoria desde a eleição de Anis em dezembro.
A ação foi descoberta por eles ontem lá nas dependências do clube.
Uma rápida busca na internet mostrou que essa nova parceria é tão furada quanto
à que seria feita com a R+ Comunicação – parceiro do presidente na época da
eleição, mas que não durou dois dias.
“Não sei quem divulgou para a imprensa pois só iria revelar depois de consultar o nome dessa parceira. Já
foi levantado que as pessoas não são responsáveis e eles não vão entrar no
clube”, comentou o presidente Anis Buzalaf Júnior.
A proposta realmente parecia absurda. A parceria, encabeçada
pela italiana Edda Silvestro, iria arrendar 80% do clube caso as negociações
fossem concretizadas. A parceira, porém, tem processo de falência decretado
pela Justiça de São Paulo. Ontem mesmo a diretoria encerrou a conversa.
Sobraram, porém, rusgas entre os membros da diretoria que
não foram consultados pelo presidente Anis Buzalaf sobre essa parceria. Ele
teria feito até uma reunião a portas fechadas na semana passada com esse grupo
de investidores.
“Não vou emprestar meu nome para um negócio fraudulento.
Alertei o Anis e mostrei toda a documentação que elaboramos. A negociação não
vai prosseguir”, garantiu o vice-presidente Filipe Rino, confirmando que só
depois ficou sabendo de toda a negociação.
Esta não é a primeira vez que a diretoria noroestina “bate
cabeça” nestes três meses da gestão de Anis Buzalaf. Além da parceria mal
explicada após a eleição, em outros momentos
ele tomou decisões sem consultar os outros membros.
A mais clássica até agora foi a do empréstimo de três
atletas do São Paulo no último dia de inscrições na Série A-2. Ele fechou o
negócio sozinho e o restante da diretoria ficou sabendo pela imprensa. Nem
mesmo dos atletas que chegariam ao clube eles sabiam direito.
Depois, Filipe Rino pediu explicações sobre cinco rescisões
contratuais feitas por Toninho Gimenez na véspera da eleição de Anis Buzalaf,
mas o próprio presidente argumentou que estava “tudo certo”. E agora, apareceu
essa parceria que iria arrendar 80% do Noroeste.
Situações que levam a um racha e que podem culminar até
mesmo numa renúncia do vice-presidente Filipe Rino e do diretor jurídico Thiago
Rino, conforme apurou o BOM DIA. Eles esperariam apenas o fim da Série A-2 e da
Copa do Brasil para acertar os pagamentos e deixarem de seus cargos.
Em contato com o BOM DIA, Filipe nega que a diretoria esteja
dividida. “Opiniões distantes todo mundo tem. É até bom ter isso. Quando há
diálogo esse tipo de divergência é benéfico ao clube”, concluiu.
Gustavo Longo/ Bom Dia Bauru