Divórcio antes da união



Parceria entre Noroeste e o grupo R+ Comunicação chega ao fim antes mesmo de começar e deixa clube em situação desesperadora

Esqueça os sorrisos trocados, o aperto de mão e a promessa de viverem felizes para sempre na Série A-1. A união entre o Noroeste, através do presidente recém-eleito Anis Buzalaf Jr., e a parceira R+ Comunicação não durou nem dois dias. Ontem à tarde a empresa confirmou o rompimento da parceria.
Foi o ponto final de uma união que nem chegou de fato a existir e que já criava um desencontro de informações. Houve apenas um pré-contrato assinado para representar a “garantia financeira” que o Conselho Deliberativo queria de cada candidato. O contrato seria feito nesta semana.
Não deu tempo. Com os dois lados não se entendendo e a desconfiança crescente (afinal de contas, nem mesmo o nome do treinador foi um consenso entre eles), Anis resolveu encerrar a parceria do que ver o Noroeste correr o mesmo risco de Osvaldo Cruz e Santa Helena (veja ao lado).
“Já estava tudo certo, mas ele [Anis] ligou de manhã e informou que ia encerrar a parceria. Ele disse que o Marcus [Nascimento, representante] passou nomes errados. Foi tudo um mal entendido”, comentou Edinei Faustino dos Reis, o investidor da parceira.
Em vez de dar sua versão da história, o presidente Anis Buzalaf Jr. informou que só falará sobre o caso na segunda-feira, quando haverá a reapresentação do elenco. Aliás, o elenco agora segue sem treinador para o próximo ano, já que Solito Alves também não virá mais.
“Apareceram outras propostas para mim e como a empresa não ia ficar, eu também não fico. Não me compete mais ser treinador do Noroeste. Não posso deixar a empresa”, comentou ao BOM DIA.

Antiga parceira tem histórico recente de rebaixamentos
No fim das contas, o Noroeste pode ter escapado de um baita problema. A empresa R+ Comunicação, que seria a parceira desta nova fase do clube, não vem obtendo sucesso nas suas últimas empreitadas no futebol. Ao todo, foram dois rebaixamentos nas últimas temporadas.
A primeira delas aconteceu no Santa Helena, na primeira divisão do campeonato goiano. A equipe não conseguiu deslanchar e acabou caindo.
No início deste ano, foi a vez do Osvaldo Cruz, aqui no interior paulista. A empresa montou o elenco, brigou com a diretoria do clube e teve o contrato rescindindo no meio da Série A-3. Resultado: o time caiu para a quarta divisão paulista no ano que vem.
Nos dois casos a empresa assumiu a gestão do futebol nos mesmos moldes que aconteceria agora com o Noroeste. Eles chegariam com um pacotão de reforços e uma comissão técnica e pagariam os salários deles. Em troca, usaria o clube como vitrine.
Nem mesmo no Palmas a empresa teve sucesso. O time até passou para a segunda fase do Campeonato Tocantinense, mas a parceria também foi rompida no meio do campeonato.

Saída de empresa aumenta indefinição sobre a Série A-2
Se com uma parceira que iria investir R$ 40 mil mensais o presidente recém-eleito já rachava a cabeça para tentar enxugar a estrutura noroestina, agora a situação se complica de vez. Sem a promessa de dinheiro em caixa, o clube vive nova onda de incerteza para a Série A-2 de 2013.
A primeira delas é bem mais urgente. Os salários de funcionários e atletas neste mês, além do 13º salário. O BOM DIA apurou que a remuneração já está atrasada. Os encargos trabalhistas chegam a R$ 500 mil neste fim de ano.
Ao mesmo tempo, o clube precisa ir atrás de patrocinadores para bancar a participação na segunda divisão. O Noroeste não tem nem R$ 60 mil arrecadados para o próximo ano e ainda espera a permanência da Kalunga com R$ 50 mil para tentar fechar a conta no ano que vem.
Por fim, existe a questão de renovação e dispensas de jogadores e a preparação para a segunda divisão, que começa já no dia 23 de janeiro. Muitos jogadores terminam o contrato neste fim de ano e esperavam uma definição do clube para ver se continuavam, ou não, por aqui, como o meia Leandro Oliveira.
Gustavo Longo/ Bom Dia Bauru

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