DIA DECISIVO PARA O FUTEBOL DE BAURU

Noroeste encara sua primeira eleição sem Damião Garcia para ver quem comandará o reestruturação do clube

Muitos temiam, outros esperavam ansiosamente por este dia. Após mais de nove anos, o Noroeste voltará a viver uma eleição com chapas concorrentes, brigas nos bastidores e articulações. O Conselho Deliberativo se reúne hoje para definir o novo presidente do clube para substituir Damião Garcia.

A reunião acontecerá no auditório do ginásio Panela de Pressão, ao lado do clube. A primeira chamada será às 10h. Se faltar quórum (a metade e mais um dos trinta conselheiros), será realizada uma segunda chamada e os que estiverem presentes definirão o nome do novo presidente.

Até o momento três chapas concorrem à cadeira deixada pelo empresário fundador da Kalunga: Elias Brandão lidera uma  inusitada, que num primeiro momento contou até com Padre Beto como vice.
Álvaro Pedroso e João Carlos Amâncio Franco lideram a chapa “Sangue Novo”, que conta com o apoio da torcida Sangue Rubro. Por fim, ontem à tarde, Bruno Lopes saiu dessa  e lançou candidatura própria (veja ao lado).

O maior mistério é o silêncio dos conselheiros, que até o momento não se pronunciaram sobre uma possível chapa da “situação”. Toninho Gimenez, o presidente interino do clube, já reiterou diversas vezes que não quer ser presidente. E nenhum outro nome apareceu.

Pelo menos por enquanto. Isso porque o BOM DIA apurou que um grupo de empresários ligado ao centroavante Deivid, atualmente no Coritiba, teria interesse em investir no Noroeste. E como eles não têm pretensões administrativas, algum nome de consenso teria que entrar na presidência.

“Houve um contato de interesse com esse grupo, mas não passou disso ainda. Acredito que uma reunião só irá acontecer após a eleição. Até porque o futuro do Noroeste será decidido amanhã. Por isso que o assunto nem pode ser discutido muito comigo”, confirmou o presidente interino.

Toninho Gimenez teria ido até mesmo a Araraquara no dia que o Coritiba enfrentou o Palmeiras para se encontrar com o jogador, mas o fato foi negado pelo próprio presidente. “Não consegui ir naquele dia”.
O BOM DIA também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Deivid  que confirmou a história, mas garantiu que as conversas estão ainda no início e bem distantes de um desfecho.

Talvez, esperando uma chapa formada pelos próprios conselheiros, que pode ser mobilizada hoje cedo, momentos antes da eleição. De acordo com o Estatuto do Noroeste, qualquer chapa pode ser inscrita antes de a reunião começar, o que permite  articulações até o fim.
O Conselho também pode nem registrar duas das três chapas (encabeçadas por Álvaro Pedroso e Elias Brandão) pelo fato deles não serem sócios do clube – ambos lutam para serem efetivados como  honorários pelos próprios conselheiros. A chapa de Bruno Lopes é válida, mas a eleição pode ser impugnada caso seja a única e não agrade o Conselho.

Kalunga / A empresa da família Garcia resolveu aliviar um pouco a pressão nos bastidores do Noroeste. Patrocinadora master do time, ela repassou os valores de outubro e já adiantou os  de novembro (R$ 70 mil). Com isso, a diretoria conseguiu arcar com os fornecedores e adiantar os salários dos jogadores e funcionários.
Parte dos vencimentos foi acertada ontem e o restante nesta segunda-feira.

Dissidência cria a terceira chapa à presidência

Enquanto o mistério ainda envolve a participação do Conselho Deliberativo com representante à presidência, a chapa apoiada pela Sangue Rubro teve uma dissidência ontem à tarde. Bruno Lopes, que articulou a chapa Sangue Novo, encabeçada por Álvaro Pedroso, lidera agora uma terceira  à presidência.

A decisão foi tomada ontem à tarde. Bruno apareceu sozinho no Alfredão para registrar sua chapa, que conta com o também torcedor Leandro Voltolin como vice.

“Estou encabeçando essa chapa. Tivemos uma divergência em alguns sentidos e alguns atritos apareceram. Tem também esse lance do torcedor que está sendo processado, que ninguém sabe quem é”, confirmou o empresário, um dos antigos críticos à gestão de Damião Garcia.

Com isso, a eleição do Noroeste terá, a princípio, três chapas que podem ser consideradas de oposição. Além de Bruno Lopes, a chapa de Álvaro Pedroso e João Carlos Amâncio Franco e a encabeçada por Elias Brandão seguem na disputa. Este último, entretanto, cogita até mesmo renunciar caso haja um alinhamento dos seus planos com alguma chapa.

O fato, porém, é que tanto ele quanto Álvaro precisam ser aprovados como sócios honorários pelo Conselho Deliberativo antes da eleição para poderem concorrer. Ou seja, se o Conselho vetar, nem se candidatar eles poderão – algo que Toninho garantiu que não irá ocorrer.

Entretanto, a chapa de Bruno Lopes escapa desse filtro do Conselho Deliberativo. Tanto ele quanto seu vice são sócios remidos ainda da época da ferrovia e possuem direitos legais para concorrerem à presidência noroestina. Queiram os conselheiros ou não.

O início das eleições está marcado para às 10h. O pleito acontecerá no auditório do Ginásio Panela de Pressão e será aberto à imprensa.

Equipe joga contra Capivariano por ‘sossego’
Enquanto os bastidores do Noroeste fervem com esse período eleitoral, o elenco profissional tenta deixar os problemas de lado e garantir uma tranquilidade nas quartas de final da Copa Paulista. O primeiro jogo será hoje, às 15h, contra o Capivariano, fora de casa.

É o primeiro confronto mata-mata do Noroeste desde 2008, quando disputou as finais do Troféu Interior. Pela Copa Paulista o desempenho é pior: desde quando foi campeão em 2005 o clube não chegava em sistemas eliminatórios.

Isso, porém, não incomoda muito a comissão técnica e os jogadores. Tanto que a meta é, se possível, sair até com uma vitória na primeira partida para ganhar uma certa tranquilidade que anda faltando nos bastidores do Alfredão recentemente.

“A equipe já mostrou que está preparada. Teve o sabor da derrota e da vitória nesta campanha. É um grupo forte e concentrado. Sabemos que temos que entrar para decidir, pois só jogar bola é muito pouco diante desta partida”, comentou o técnico Moisés Egert no fim do treino de ontem.

E com o clube vivendo um momento decisivo também fora das quatro linhas, a importância do resultado aumenta para a comissão técnica e os jogadores. Após declarações das duas chapas anteontem de que poderia haver suspensão de contratos de jogadores, o elenco sentiu o baque e ficou preocupado com o futuro e até mesmo a Série A-2 do ano que vem.

“Foi nos passado que existe um planejamento para dar continuidade até o fim da Copa Paulista. Por isso temos que pensar no Capivariano apenas. O que acontecer será depois do campeonato. Temos apenas uma bala e o tiro tem que ser certeiro. Fazer uma final ou até mesmo ser campeão vai valorizar esse grupo e atrair investidores e parceiros”, comentou Moisés Egert.

É bom mesmo pensar apenas no Capivariano. Ao contrário do Noroeste, que não vence há quatro partidas, o adversário contou com uma arrancada surpreendente para se classificar: venceu as três últimas partidas no returno e conseguiu a segunda vaga (com uma pontuação melhor até que a do time bauruense).

“A expectativa nossa é boa, apesar de não conhecermos o resultado. Agora é a hora de ter inteligência. Buscaremos a vitória, mas talvez não perder pode ser um bom resultado”, comentou o meia Velicka.

Para esta primeira partida das quartas de final, o Noroeste não terá o zagueiro Samuel, o volante Ruan e o meia Nathan, que se recuperam de contusão e nem foram relacionados. O time será o mesmo das últimas partidas, inclusive com o atacante Roberto como titular ao lado de Diogo. 

Gustavo Longo/ Bom Dia Bauru

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