Conselho Deliberativo resolve dar mais 45 dias para as três chapas à presidência do clube apresentarem ‘garantias’ financeiras

Teve de tudo um pouco: afagos, elogios, críticas, discussões ríspidas e até mesmo debate. Só não teve uma eleição de fato. O Conselho Deliberativo do Noroeste resolveu dar mais 45 dias para que as três chapas registradas pudessem dar mais “garantias” de que podem tocar o clube sem maiores problemas.
Essas garantias, claro, são financeiras. Com uma estrutura que gasta R$ 320 mil por mês, o clube precisa de dinheiro até mesmo para enxugar esse quadro e, ainda por cima, montar um time competitivo para a Série A-2 do ano que vem.
A decisão não agradou as chapas encabeçadas por Álvaro Pedroso e Bruno Lopes. “Isso foi um golpe”, esbravejou Álvaro. “O estatuto foi rasgado hoje [ontem]”, continuou Bruno (veja a repercussão ao lado).
Um final tenso para uma reunião que começou até de certa forma tranquila. Antes das 10h, os três candidatos já estavam no estádio Alfredo de Castilho trocando palavras, enquanto que alguns conselheiros já se reuniam no auditório do ginásio Panela de Pressão.
Duas chapas, inclusive, tiveram que fazer articulações às pressas. Elias Brandão, que havia colocado o Padre Beto como seu vice, trocou e manteve o inusitado ao pôr Ronaldo Mendonça, pai do prefeito Rodrigo Agostinho, no lugar. Já Álvaro Pedroso, de última hora, trocou João Carlos Amâncio Franco por Nilton Ferreira dos Santos.
A expectativa era pelo surgimento de uma quarta chapa, encabeçada por algum membro do Conselho Deliberativo, o que ainda não ocorreu. Porém, com esse prazo dado de até 45 dias, mais pessoas podem concorrer – até mesmo uma formada pelos conselheiros.
Do clima amigável antes da eleição, logo passou para tensão e crítica. Toninho Gimenez abriu a reunião fazendo elogios à Damião Garcia, antigo presidente do Noroeste. “É um dia marcante e triste ao mesmo tempo”, chegou a dizer.
Seguiu-se depois uma fala de Otacílio Garms, conselheiro e representante jurídico do clube, sobre o artigo do estatuto que comenta sobre as eleições. Abel Abreu também comentou sobre o caso.
“Hoje em dia não é como antigamente, que tinha amor à camisa. Hoje é profissionalismo. E custa caro. Quem em Bauru fez isso pelo Noroeste? Só o Damião”, comentou.
Cláudio Amantini também chegou a dizer algumas palavras e elogiou a “coragem” dos três em registrarem chapas para assumirem o Noroeste. Depois disso, cada um dos candidatos tiveram apenas dois minutos para falar e “convencer” o Conselho a aceitar a chapa e seguir com a eleição.
Não conseguiram. A votação do conselho aconteceu em dois pontos: a impugnação ou um prazo maior para que os candidatos apresentassem propostas “concretas” para o clube. Houve até mesmo uma confusão envolvendo os conselheiros com o formato da votação – eles não entenderam muito bem a escolha de Toninho Gimenez para decidir o assunto.
Mas, no fim das contas, os dezessete conselheiros que estiveram presentes decidiram, por 10 a 6 (com uma abstenção), em dar um prazo maior para os candidatos.
“Não tocamos um clube de futebol só com paixão. Infelizmente a torcida também não é muita receita para qualquer clube. Temos que passar o cargo de presidente para quem nos dê confiança de continuidade desse legado maravilhoso que o Damião Garcia nos deixou”, comentou Toninho Gimenez no final da reunião.
No fim, ainda houve tempo para discussões mais fortes envolvendo as chapas de Álvaro Pedroso e Bruno Lopes, além de membros da torcida Sangue Rubro, com alguns membros do Conselho Deliberativo. Clima exaltado que deverá seguir nos próximos dias, enquanto as “garantias” não aparecerem.
Parceiros/ Agora Toninho Gimenez ganhou tempo também para fazer as articulações com empresários. Ele já teve contatos com o atacante Deivid, do Coritiba, que tem um grupo de investidores da Turquia interessado no futebol noroestino, notícia adiantada pelo BOM DIA com exclusividade e confirmada pelo jogador e pela diretoria. As conversas devem ganhar corpo durante a semana que chega.
 Além disso, outras alternativas estão sendo buscadas. Um empresário de Bauru do ramo de financeiras também manifestou interesse em assumir. Até o famoso Wagner Ribeiro, empresário de estrelas do futebol, foi acionado. No caso dele, o interesse existiu apenas para o envio de jogadores.

Candidatos acusam conselheiros de golpe

“Eu vejo isso como um golpe. Os conselheiros deram um golpe no estatuto do clube. Somos candidatos legítimos e temos condições de fazer um trabalho aqui. Eles vão levar o Noroeste à lama e à Série A-3”.
A frase acima foi do candidato Álvaro Pedroso, da chapa Sangue Novo, logo após o fim da reunião que decidiu em oferecer um prazo maior para as chapas darem “garantias” financeiras ao Conselho de que podem assumir o Noroeste agora.
A indignação não foi só dele. Bruno Lopes, candidato a presidente pela chapa NoRB, foi o que mais se indignou com a decisão do Conselho Deliberativo ontem de manhã, na Panela de Pressão.
“A eleição ocorre através de chapa, e não de garantias financeiras. Isso não está no estatuto do clube. O estatuto foi rasgado. Eles fizeram isso porque ainda não tem um candidato próprio para assumir”, disparou.
A indignação foi tão grande que Álvaro Pedroso, ainda na reunião, ameaçou renunciar à candidatura caso a decisão de suspender a eleição em até 45 dias fosse aprovada – o que acabou acontecendo.
“Eu gostaria de renunciar sim, mas diante desses golpistas eu vou apresentar minha proposta com garantias já na semana que vem”, concluiu.
O único candidato que aprovou o período dado pelo Conselho foi Elias Brandão. Ainda também na reunião, ele usou os dois minutos que possuía justamente para pedir esse tempo a mais. “Isso é só uma apresentação. Mas nesse prazo teremos propostas”.

Gustavo Longo/ Bom Dia Bauru

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