A ilusão do Paulistão


Não é a primeira vez que escrevo sobre a grande ilusão que é um clube do Interior chegar à Primeira Divisão do Futebol Paulista (Série A1).
Trata-se de uma competição que vem se esvaziando ao longo do tempo para dar conta dos interesses da Televisão e do dinheiro. Num calendário espremido e desinteressante, a competição vem sendo cada dia mais desprezada pelas grandes agremiações.
O Paulistão tem servido muito mais de aquecimento, experimentação e preparação para os campeonatos mais importantes que se seguem e alguns ainda têm programações concorrentes, simultâneas.
Um episódio altamente significativo do que estou dizendo ocorreu logo na abertura da competição. Foi um escandaloso passa-moleque no tão tradicional e sofrido irmão de lutas e tantas glórias do nosso Interior, o XV de Piracicaba.
Na festa oficial de abertura do Campeonato Paulista, Série A1, elite do nosso futebol, a Federação fez a solenidade com o campeão da A1, o Santos e o campeão da A2, o XV de Novembro.
Tudo muito bonito se não fosse a frustração daquela torcida que depois de 16 anos comemorava a volta de seu representante na divisão de honra do futebol paulista, sendo desrespeitada e ignorada.
O Santos entrou em campo com um “Cascudão” bravo, ruim de bola. Quem esperava ver Neymar, Ganso, etc., não viu ninguém de nome e sequer o treinador Muricy, que foi substituído pelo Tata.
Vale à pena chegar ao Paulistão? Para o XV de Piracicaba só resta mais um grande em casa e acabou. Só dois clubes grandes jogam em cada cidade. Os outros adversários são iguais, praticamente no mesmo nível e não levam público aos estádios.
O acesso só faz sentido mesmo para começar a desenvolver um “currículo” na escala do futebol, visando competições mais importantes, como o Brasileiro, Libertadores, etc. E sabemos que isso é extremamente difícil. Haja estrutura e dinheiro para chegar lá.
Fica aqui nosso humilde, mas veemente protesto, pela indiferença e discriminação que os clubes pequenos do Interior sofrem no atual esquema das entidades que organizam nossos campeonatos.
Penso que os campeonatos regionais estão no fim. Já é hora de se começar a pensar em novas fórmulas, calendários mais generosos e competições que atendam aos interesses dessas agremiações interioranas, que hoje são meros figurantes no cenário futebolístico brasileiro.
Paulo Sérgio Simonetti/ Rádio 94Fm de Bauru


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