Ídolo do Noroeste em duas conquistas de acessos, Silvio Luiz hoje é bispo mórmon e está longe do campo, onde brilhou no passado
A caminho da entrevista, uma revelação. O fotógrafo Cristiano Zanardi, responsável pela imagem desta matéria, teve como primeiro ídolo no futebol o goleiro Silvio Luiz. Justamente o entrevistado.
Uma recordação é forte. Ele foi um dos torcedores do Noroeste a acompanhar, no estádio, em 1984, a conquista do Campeonato Paulista da Segunda Divisão e o acesso para a primeira. Não esquece a camisa usada pelo goleiro, de um azul brilhoso, com a inscrição do patrocinador, os chicletes Ping Pong.
Aos 47 anos, Silvio tem muitas histórias para contar, entre elas a da final do campeonato de 1984, realizada em Jaú. O Noroeste venceu o União Barbarense por 1 a 0. Os torcedores que foram para lá formaram uma fila imensa que percorria toda a rodovia, sem falhas.
O goleiro guarda um pequeno acervo em casa para garantir as memórias de seu tempo de atleta vencedor. A camisa azul do jogo está lá, junto com outras, todas usadas em dias de conquistas ou outros jogos marcantes.
Assim como o pai e o irmão, Silvio Luiz sempre gostou de futebol, mas, garoto, não pensava em ser profissional. Chegou a ir para o Guarani, em Campinas, e não ficou.
Numa brincadeira no antigo Country Club, no entanto, foi visto pelo craque Toninho Guerreiro, que pediu para apresentá-lo ao Santos. O jovem não foi. A direção do Noroeste soube do ocorrido e o chamou para treinar na equipe juvenil, onde ficou um ano. Aos 18 anos, após passagem rápida pela Santacruzense, virou profissional do Noroeste.
Foram cinco anos na “Maquininha Vermelha”, de 1983 a 1987. No período, participou da conquista de dois acessos, em 1984 e 1986.
Do primeiro vem outro fato inesquecível. Na comemoração dentro de campo, o goleiro foi abordado por um garotinho que tirou a própria camiseta e a entregou. Ela está na casa de Silvio Luiz até hoje. Tem a estampa da dama e do vagabundo e as sujeiras da época. O goleiro nunca a lavou.
O sucesso continuou após a saída do Noroeste. O atleta consolidou a fama de melhor impulsão dos elencos pelos quais passou e de líder que coordenava a defesa e antevia as jogadas. Viveu em várias cidades, sempre jogando e acumulando boas recordações.
Ficava espantado ao dar autógrafos ou perceber que algum fã já havia pago a conta do restaurante.
Ficava espantado ao dar autógrafos ou perceber que algum fã já havia pago a conta do restaurante.
“Sempre fui humilde. Nunca me subiu à cabeça”.
Silvio parou de jogar aos 32 anos, sem problemas físicos. Queria ficar mais perto da família, que mora em Bauru. Ele estava longe enquanto as duas filhas mais velhas cresciam. Não quis fazer o mesmo com o caçula, Pedro Luiz, 8.
Nos quatro anos seguintes, trabalhou como preparador de goleiros do Noroeste. Depois encerrou de vez a carreira no futebol, apesar de receber convites até hoje.
Numa reunião familiar, os filhos e a mulher, Ednéia, pediram para ele parar.
“Parei”, passou a informar aos times que ainda o convidavam, com insistência, para treinar goleiros, entre eles o Sãocarlense e o Oeste de Itápolis.
Hoje, não joga mais nem nas brincadeiras de fim de semana. É mórmon há 20 anos, a convite do preparador físico e também religioso Cabo Alcides. Nos domingos tem compromisso na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, onde é bispo.
Mesmo assim, na rua, ainda é abordado por fãs de seu futebol: “Silvio Luiiiiz.....”
Quem é e o que faz:
Nome- Silvio Luiz da Silva
Idade- 47 anos
Times- Noroeste, Rio Branco de Americana, Olímpia, Paraná Clube, Sãocarlense e Matonense
Formação- direito e administração
Trabalho- empresa de segurança
Religião- é bispo na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Filhos- Bruna Luiza, 21, Débora Luiza, 18, e Pedro Luiz, 8
Nome- Silvio Luiz da Silva
Idade- 47 anos
Times- Noroeste, Rio Branco de Americana, Olímpia, Paraná Clube, Sãocarlense e Matonense
Formação- direito e administração
Trabalho- empresa de segurança
Religião- é bispo na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Filhos- Bruna Luiza, 21, Débora Luiza, 18, e Pedro Luiz, 8
Por Cristina Camargo ( Bom Dia Bauru)
Foto: Cristiano Zanardi