Valeriano, o boleiro que veio de Mossoró


O ex-jogador Francisco Valeriano de Almeida, 84, veio para Bauru com a intenção de passar um ano no Noroeste. Acabou ficando. Está na cidade há cinco décadas. Não esquece a data de chegada, 21 de abril de 1956. Nascido em Mossoró, no Rio Grande do Norte, Valeriano começou a jogar na terra natal. Foi atleta do América. De lá seguiu para Recife e depois Rio de Janeiro, onde atuou no América carioca.
Bauru surgiu no seu destino por acaso. Um olheiro viu seu futebol e o convidou para a temporada no Noroeste. Na “maquininha vermelha” ficou  três anos. Depois jogou no Garça Futebol Clube e em Botucatu. A partir daí, seguiu longa carreira de técnico, com passagens em várias cidades do interior de São Paulo e do Paraná.
Uma longa e variada experiência no mundo do futebol, com direito a tudo que faz parte desse universo: vitórias, derrotas, viagens, amizades... Mas, Valeriano garante, sem espaço para a saudade. “O que passou, passou”, diz. “Quero saber do presente”.
Será?
O BOM DIA encontrou Valeriano no quarto alugado em que mora há um mês, na rua Quintino Bocaiúva, nas proximidades do antigo campo do Noroeste, onde treinou e jogou. Depois de meia hora de prosa, ele se propôs a abrir uma mala cheia de fotos antigas. Nas imagens, aparece jovem nos times em que atuou e em viagens pelo mundo.
Foi no campo antigo do Noroeste que Valeriano machucou o joelho gravemente, o que não o impediu de seguir a carreira, sob efeito de medicamentos. Mais tarde, uma prótese foi rejeitada pelo organismo e precisou ser retirada. Uma nova cirurgia “colou” o joelho, mas a perna direita ficou mais curta, o que o obriga a caminhar com uma muleta e a usar sapatos especiais.

Nada que impeça o ex-jogador de cumprir sua rotina diária de circular a pé pela região central, encontrar velhos conhecidos e ser abordado por quem sente saudades do Noroeste de antigamente.
“No seu tempo não era assim”, dizem. Valeriano solta o seu bordão: “O meu tempo já passou”. O futebol, lembra, hoje é outro. Ele acha mais feio, não vê as grandes jogadas de antes. “Não tem que cabeceie bem...”, reclama. 
Da época de técnico, lembra que insistia para os diretores investirem na formação de novos atletas e ter sempre jogadores para garantir o time dentro de campo e, ao mesmo tempo, negociações que ajudassem a equipe financeiramente. Na época, uma visão de futuro. Hoje poderia ganhar dinheiro com a experiência e a forma profissional de encarar a bola.
Valeriano não construiu patrimônio. É aposentado e vive de forma modesta. Raramente vê algum jogo do Noroeste e diz que o sobe e desce sempre fez parte da história do time. História que também é a dele.
Quem é e o que faz:
Nome_ Francisco Valeriano de Almeida
Idade_ 84 anos
Posição_ meio-campo
Times_
NOROESTE, América do Rio Grande do Norte, América do Rio de Janeiro,  e Garça Futebol Clube 
Treinador_ atuou em times do interior de São Paulo e do Paraná
Família_ tem dois filhos e quatro netos

Por Cristina Camargo  (Agência BOM DIA)
Foto: Cristiano Zanardi

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