Não se trata de saudosismo, mas dificilmente haverá outro como o Atleta do Século 20; times como o Santos de Pelé, Botafogo de Garrincha e Palmeiras da Academia – todos dos anos dourados, a década de 60. O futebol perdeu a graça. Mas vamos falar do futebol menor, época em que o atleta comprava sua chuteira e pagava a mensalidade para atuar. Sei que agora a realidade é outra, mas era legal o romantismo do Campeonato Varzeano nos campos de terra.
Na minha opinião, bem melhor do que os campeonatos semiprofissionais de agora, nos estádios distritais – gramados, alambrados, vestiários. Falo disso, após ver um programa na TV Alesp (Assembléia Legislativa de São Paulo), canal 10 da NET. Um dos entrevistados foi o deputado Vítor Sapienza (PPS), que durante décadas coordenou os principais torneios da várzea da Capital, entre eles o “Desafio ao Galo”, da TV Record, com reportagens de Samuel Ferro. E assim como cá, a várzea acabou por lá, por conta do progresso urbano, já que os campinhos sumiram. Neles, surgiram craques como Pelé, Garrincha e Nilton Santos, entre outros, que jogavam com bolas de borracha e até de meia. O futebol moleque agora é uma raridade.
Dificilmente a gente vê bola entre as pernas do adversário, chaleira, e outras jogadas tiradas de letra. O que existe hoje é futebol-força e muita enganação; qualquer gol, o narrador berra dizendo que foi golaço. Além da especulação imobiliária, o que também contribuiu para o fim da várzea paulistana foi a infiltração do narcotráfico nos times da periferia, segundo o deputado Sapienza. Em uma das finais, no estádio do Ibirapuera, muita arruaça e 140 cadeiras quebradas. “Alguns “torcedores” portavam até metralhadoras.
Por Leonardo de Brito ( Jornal da Cidade)