O CENTENÁRIO NOROESTINO E UM DOS ESQUECIDOS


Enquanto no resto do país se falava do dia 01/09 sobre o Centenário do Sport Club Corinthians Paulista, aqui por Bauru o assunto era outro, o também Centenário do Esporte Clube Noroeste, a “maquininha vermelha” ou como preferem alguns, a “locomotiva alvirrubra”. Cem anos de muito sangue, suor e lágrimas. Quem melhor sintetizou a história desses cem anos foi um jornalista, já falecido, José Carlos Galvão de Moura (estaria completando 72 anos dia 30/08) com um livro que fez história, o “Onze Camisas Futebol Clube”.
Esse livro retrata bem como é a vida da maioria dos times de futebol pelo interior brasileira, uma pedreira na maior parte de sua existência. Com o Noroeste não foi diferente. Altos e baixos e uma dificuldade na maior parte do tempo, sobrevivência difícil e tumultuada, principalmente no quesito financeiro e organizacional. São histórias mil, afinal são 100 anos. Galvão foi um radialista dos mais famosos, tendo trabalhado a maior parte do tempo na rádio Auri-verde, como comentarista esportivo e por apresentar dois programas de cunho esportivo musical. Um nos domingos à tarde, antecipando a jornada esportiva e outro noturno, o “Samba e Bola” e o “Conversa de Botequim”. Fez muito sucesso e por tocar só música boa, aliado ao bom papo e futebol de montão, deixa saudade em todos que o ouviam. Após sua morte, o filho, Carlos José Galvão de Moura, o Cacau, permanece por mais de um ano tentando tocar o programa, mas cansado desiste. Em seu lugar, José Esmeraldi, outro baluarte do nosso rádio, que além disso tocava o “Rádio Saudade”. Cansou das agruras de uma rádio que mais descumpria o que prometia e caiu fora, criando uma programação via internet no www.radiogalenafm.blogspot.com .
Tudo isso para dizer, que o centenário aconteceu, festa no estádio com jogo entre veteranos e algumas homenagens. Damião Garcia, o atual presidente, ganhou o nome no complexo em torno do estádio. Dono da grana, faz e acontece no clube ao seu bel prazer. Ouve pouco as pessoas no seu entorno e toca o time (clube não existe, só time) conforme sua cabeça e seus interesses. Tirou o time do atoleiro financeiro, mas está afastando ele da cidade. A paixão continua, mas pouca bola é dada à torcida. Passo no escritório de Cacau dias antes da festa e uma surpresa, nada será lembrado sobre seu pai, nem uma mera medalhinha. E isso aconteceu com muitos. Os homenageados não podem criticar nada, bico calado e são chamados. Protestou ou contestou, vira esquecido. Cacau nem isso fez, mas o pai, um que reverenciou o Noroeste por décadas caiu no ostracismo da atual direção. Os torcedores continuam a lembrar dele com saudade, mas nem isso sensibiliza Damião e sua equipe.
O centenário ocorre dessa forma. Uma festa dentro do campo para convidados e a torcida longe de tudo, vendo à distância. Uns lembrados e a maioria esquecida. Dessa forma, o time completou cem anos. Fui à festa, tentei ver um show e um jogo de veteranos. Vendo a torcida “Sangue Rubro” ser maltratada, fui embora. Mas o Noroeste continua e ano que vem volta a disputar a 1º divisão do Paulistão. Lá estaremos, sem saber ao certo o que nos espera quando Damião resolver parar de brincar com o Noroeste. Mesmo com tudo isso, uma frase de Jota Martins, um jornalista a cobrir o time não me sai da memória: “Pode meu time perder, que não sinto tanto quando isso ocorre com o Noroeste. Isso me estraga o dia”.
Por: Henrique Perazzi de Aquino, 50 anos, professor e vermelhinho da silva, mais noroestino impossível. 
Mafua do HPA

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