MEMÓRIA DA BOLA

Valeriano aparece na ponta direita do Noroeste em 1958
TORCENDO PELO VALERIANO

Dias atrás fiquei sabendo do estado de saúde do Francisco Valeriano de Almeida,
jogador que nenhum noroestino da velha guarda pode esquecer. Perto de completar 89 anos, está internado no Hospital de Base. Nascido no Rio Grande do Norte, Valeriano começou no América, de Natal, em  1950 estreava no América do Rio de Janeiro, e em 1956 desembarcava na majestosa Estação Ferroviária de Bauru para assinar contrato com o E.C.Noroeste. Originalmente era meia esquerda, mas naquele inesquecível  Norusca escalado pelo técnico Nestor, Valeriano  vestia a camisa 7, com funções táticas que o obrigava a frequentes  deslocamentos por diferentes espaços do gramado.

A foto registra aquele Norusca de 1958, o velho Alfredão superlotado nas visitas de Santos, São Paulo, Corinthians e Palmeiras: em pé, a partir da esquerda, Gaspar, Diógenes, Pierre, Fernando, Pedro, Julião, e o massagista Romeu; agachados, Valeriano, Marinho, Wilson, Berto e Ismar.

Não faz muito, cruzei com o Valeriano no centro da cidade, caminhamos por várias quadras, memória prodigiosa, durante cerca uns 30 minutos resgatou, com detalhes, as façanhas do Norusca, 7º colocado entre os 20 disputantes do Paulistão de 1958, melhor time do interior, ao lado do XV de Piracicaba.
Estamos torcendo pela saúde do Valeriano...

 
Em 1958, Geraldo José de Almeida (centro), chegando à Bauru
 ESTRANGEIRISMO ERA   COM  ELE

Quando o Brasil importou o futebol da Inglaterra, na bagagem, além das bolas, veio toda a terminologia, nomeando posições, regras do jogo, ocorrências, etc. Tudo em inglês, claro. Com o tempo, o vocabulário foi aportuguesado.
Lá pela década de 1950, ninguém mais tomava emprestado o idioma da Grã Bretanha...Ninguém, virgula...O locutor Geraldo José de Almeida (1919-1976), da Rádio Record, continuou fiel à ortodoxia linguística. Abusava dos anglicanismos.
Voz inconfundível, abria a escalação dos times anunciando o "gol-keeper", e os "players" das demais posições: o "full-back"  direito e esquerdo, o "center-half" comandando a linha média, e o "center-forward" pilotando o ataque. As infrações máximas eram "hands-penalty" e "foul-penalty".
Até o humilde bandeirinha parecia ficar mais importante na voz do Geraldo José de Almeida: era o "linesman". Claro que tudo isso irritava os ouvidos nacionalistas...
Geraldo José aparece na foto após desembarque em Bauru, em 1958, ladeado pelos saudosos De Sordi (à esq.) e Gino Bacci, à direita.
Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista

Postar um comentário