MEMÓRIA DA BOLA



O presidente Goulart, saudando Garrincha, foi deposto pelo Golpe de 1964.
 51 ANOS ATRÁS...

Em maio de 1962, o presidente João Goulart, o "Jango", (1919-1976), saudou, pouco antes do embarque, os integrantes da seleção brasileira que disputariam a Copa do Mundo no Chile.
Entre as estrelas, o genial Mané Garrincha (1933-1983) principal responsável pela conquista  da Copa de 1962. Jornalistas que presenciaram aquela e outras Copas do século passado, garantem que somente Maradona, 24 anos mais tarde, teria a mesma importância individual na conquista de um Mundial.
 Voltando ao presidente Goulart, estou de pleno acordo com um punhado de analistas da nossa realidade: seu governo, entre 1961 e 1964, "foi polarizador da mais intensa mobilização social e política da história brasileira contemporânea".
O chamado Plano Trienal, elaborado em 1962 pelo grande Celso Furtado
(1920-2004), um dos principais cérebros da  nossa economia política, propunha as chamadas reformas de base, contemplando educação, saúde, habitação, transporte, reforma agrária, com itens não resolvidos até hoje.
A discussão política se instalava como nunca, em todos os segmentos da sociedade brasileira, com a cobertura da grande imprensa, das emissoras de rádio e televisão.
Até o dia 31 de março de 1964,  data do desencadeamento do Golpe, e a instalação da Ditadura Militar, apoiada pelas nossas elites e setores da classe média, e com apoio aberto dos Estados Unidos.

O meia Tostão, em jogo pelas eliminatórias da Copa de 1970
 A DITADURA CALOU JORNAL, RÁDIO E TV

A Ditadura Militar editou em 1968 o Ato Institucional nº 5, com censura total de todos os meios de comunicação. Mais adiante estaria criada nas redações dos jornais, das emissoras de rádio e de televisão, a figura do censor.
Emissoras caladas também para noticiar a trombose cerebral  do segundo presidente da Ditadura, general Costa e Silva no dia 31 de agosto de 1969. Professor no Instituto de Educação Clybas Ferraz, em Assis, naquele domingo eu estava em casa de amigos, todos torcendo pela seleção brasileira, jogo decisivo no Maracanã pelas eliminatórias da Copa de 1970, 183 mil torcedores presentes.
A televisão, censurada, nada  informou sobre Costa e Silva. Ficamos sabendo da trombose logo depois do jogo, quando sintonizei no rádio do meu carro uma emissora argentina, a Rádio Belgrano. Ali os detalhes do derrame que paralisou parte do corpo de Costa e Silva, e a informação da sua substituição por ministros militares.

Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista


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