Eu gosto muito de futebol, mas nem um pouco do que
vejo nos gramados brasileiros nos dias de hoje. Predomínio de partidas horrorosas,
desestimulantes sob todos os aspectos. Insisto em assistir os jogos do
Noroeste, meu time do coração, mas cada vez menos pelo jogo em si, e sim, pelo
congraçamento entre os torcedores nas arquibancadas. Demonstro numa simplista
comparação quanto o futebol está desvirtuado. Digo por aí que hoje é o
equivalente a ver o Michel Telló no palco. Prefiro fazer outra coisa.
O alento vem de fora. Quer queiramos ou não, se alguém
ainda gosta realmente de futebol, isso passa pelo que joga hoje o Barcelona.
Perdendo ou ganhando, com eles não existe amarração em campo. Aquele toque de
bola é o que nós perdemos. Os técnicos brasileiros estão atrasados uns 30 anos,
mentalidade ultrapassada, retrógrada e retranqueira. Não convencem mais,
empolgação zero. Perdemos o rumo e o prumo.
Projetos zerados, dirigentes inescrupulosos,
categorias de base menosprezadas e tudo refletindo nos jogos. Anos luz distante
da organização dos ingleses, alemães e espanhóis. Sofro vendo o tipo de
campeonato que o centenário Noroeste está metido, algo criado para encher
linguiça, que não leva a nada e serve para endividar mais os clubes. Como é
possível sobreviver diante de algo onde pagam para entrar em campo? É o círculo
vicioso do caos, da bancarrota.
Bobões, é o que somos. Esse negócio do motivador de
beira de gramado, esgoelando, não funciona mais. Torço por Guardiola como nosso
técnico? Já um Tite, nosso professor Pardal, vergonhoso ver o que sai de sua
boca (e sou corintiano). O estilo de Joel Santana e de Luxemburgo estão
ultrapassados. Sabíamos fazer, fomos vitoriosos, mas jogamos a fórmula fora.
Nem nos jogos do amador bauruense vou mais, adoração no passado, pois tudo
sendo bancado pelos atuais patrocinadores me recuso a ir aos estádios. Como
sacudir essa marcha melancólica? Não existe cartada mágica e sim, uma retomada
de algo abandonado. Abaixo os retranqueiros de plantão, todos ao ataque!
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de
História (www.mafuadohpa.blogspot.com).