Quem passou por Bauru nessa semana e com certeza está hospedado aí em
Jaú é o sempre craque da bola, Afonsinho, menestrel do passe livre na profissão
de jogador de futebol. Mente aberta, abridor de porteiras, irreverente e líder
no que faz, assim como Sócrates, infelizmente objeto em extinção no futebol
atual. Quem mais joga hoje de barba? Ninguém, mas o problema não é esse e sim
de posicionamento, postura. Nisso, inquebrantável, tem seu nome marcado
definitivamente na história da bola.
Afonsinho fez história no XV de Jaú, do qual nunca deixa de citar.
Sempre o via regularmente pelas ruas do centro do Rio, onde a trabalho retorno
mensalmente há uns vinte anos. Um médico carnavalesco, um ser social e do
samba, um mais que carioca, tendo sua vida retratada na letra e música do Gil,
a “Meio de Campo”. Não esquece suas origens e ainda bate bola no Trem da
Alegria, 35 anos de festa com jogadores aposentados. Seus primos de Bauru, da
Livraria Sapiência se lembram dele jogando bola no largo de paralelepípedos
onde hoje acontece a Feira do Rolo.
De Jaú a última lembrança que tenho dele foi no lançamento de sua
biografia, o livro “Prezado amigo Afonsinho”, do jauense Kleber Mazziero de
Souza em 1998. Noite memorável, amigos em comum revistos, como o advogado dr
Campese, irreverente na lembrança de histórias passadas na cidade. Na
dedicatória do Kléber, que conheci na casa de seus pais, perto do rio que
alagou recentemente no centro da cidade: “O jogo da bola é igual ao jogo da
vida”. Na do Afonso: “Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa
parceria dos shows da vida”. Via-o sempre nos carnavais carioca, os da Avenida
Rio Branco, segundo grupo e de blocos, além da mútua admiração por Elza Soares.
Afonso continua o mesmo, envolto por jovens promessas da bola, como no
motivo de sua passagem por Bauru. E nós, continuamos os mesmos de antão ou já
estamos inseridos no contexto e nem a barba temos mais coragem suficiente em
manter na cara? Esse cara é uma preciosidade.