Aos 12 anos, João Vitor acaba de ser descoberto e treina para alcançar a elite do futebol. Sonho é o Santos, time em que pai brilhou
O que ele quer mesmo é chutar a bola. Chutar e fazer gols.Está no DNA do menino. Ele é o único filho de João Luiz Silveira, ou João Fumaça, também conhecido como Fumacinha, ex-jogador do Noroeste, do Santos e de outros vários times do Brasil e de países como o México, a Suíça e a Guatemala.
João Fumaça chegou ao auge da carreira em 1997, quando explodiu na Vila Belmiro. Depois, virou jogador-cigano.
Por causa disso, João Vitor não cresceu com a presença constante do pai. A distância, no entanto, não impediu que ele mostrasse a mesma paixão. Como João Fumaça, é atacante e, no momento, treina para ganhar mais rapidez.
O olheiro que descobriu o jovem atleta também é da tradicional família da Vila Santa Luzia, ligada ao futebol e ao basquete bauruense. É Edmar Donizete da Silva, o Tio Ná. Ele não carrega o Silveira no nome, mas seguiu o roteiro dos parentes. Foi roupeiro do Noroeste e ali aprendeu a observar os jogadores e perceber talentos.
Tio Ná viu o primo menor chutar uma bola de basquete quando ainda era pequeno e detectou a vocação.
“Ele é uma joia bruta que precisa ser lapidada”, define.
Para a lapidação, foi convocado Leandro Avila Rodrigues, o conhecido Foguinho, preparador de jogadores há seis anos.
No seu centro de treinamentos, Foguinho tem mais de 200 alunos que precisam seguir à risca as regras determinadas.
O treinador também vê potencial em João Vitor. Cita a força e a habilidade do adolescente, que já tem 1,70 metro.
“Está acima da média”, diz.
Mas reforça: a caminhada é longa, é preciso muito esforço para se destacar num país-celeiro de jogadores.
“Se ele não tiver o kit dentro e fora de campo, não adianta”, avisa. O kit: humildade, disciplina e muita vontade de treinar. “O empresário desses meninos é o futebol”.
O filho de João Fumaça avisa ter sim o tal kit. Garante não se assustar com tantas exigências. Afirma também que o futebol não atrapalha sua vida escolar. Está na sétima série. Estuda de manhã e treina à tarde. Quando não joga, frequenta programa de reforço escolar.
O espelho do menino é Lucas, do São Paulo.
“A bola toca no cara e ele vai embora”, explica.
Como observador técnico, Tio Ná aposta no primo e faz contatos para mostrar o futebol do garoto. Conta ter conseguido uma chance para João Victor ser avaliado no Santos, mas falta o dinheiro para a viagem.
O jovem jogador ouve quieto os planos para sua carreira, mas diz já saber o que pretende para o futuro.
“Quero jogar no Santos, ser humilde e ajudar minha família”, afirma.
Quem é e o que faz:
Nome_ João Vitor Birbrair Silveira
Idade_ 12 anos
Posição_ atacante
Família_ é filho do ex-jogador João Fumaça, que mora em São Paulo. A mãe, de Bauru, trabalha como auxiliar-geral. Ele tem dois irmão menores
Altura_ 1,70 metro
Sonho_ jogar no Santos
Por Cristina Camargo ( Bom Dia Bauru)
Foto: Cristiano Zanardi