Pronto, acabou. Isso mesmo, acabou o futebol no Alfredo de Castilho no ano de 2010. Ontem, com o jogo Noroeste 2 x 1 Guaratinguetá, nos sagramos vice-campeões da 2ª Divisão Paulista, subimos para a 1ª em 2011 e daqui até o final do ano, talvez um campeonatinho xinfrim, desses para preencher espaço.
O Noroeste estará completando 100 anos no segundo semestre e talvez algo grandioso proposto pelo clube, mas se não tiver um time em plena atuação, sempre ficará faltando algo. Do retorno à elite do futebol, parabéns e que algo se solidifique, principalmente na parte administrativa do clube, pois Damião Garcia não será eterno e precisamos pensar no dia em que abandonar o clube. Como será depois? Termino de ler o livro, “A voz da geral – Do fracasso à glória em quatro anos”, do jornalista da rede BOM DIA, Bruno Mestrinelli Paranhos (em breve uma resenha dele por aqui) e lá algo a preocupar.
Damião havia caído dos céus, pegando um clube destroçado e mal conseguindo viajar para cumprir compromissos. Quitou tudo, devolveu o time à elite. Presenciamos belos jogos e times competitivos. Hoje, reergue o Noroeste, mas existe estrutura para o pós-Damião? O que ele exigirá do clube quando da saída? Vejam o caso do Marília, abandonado pelos “empreendedores” (sic) que lá estiveram. Bancarrota total. O XV de Jaú nunca mais conseguiu se reerguer e seguirá na 3ª Divisão paulista. Exemplos existem aos borbotões. Olho para a imensa maioria dos times do interior e em poucos noto uma organização, a cidade toda envolvida com um projeto. Lins, com o Linense dá um belo exemplo, Itápolis, com o Oeste outro e talvez o São Bento, de Sorocaba, onde um ex-presidente de torcida assumiu o comando do time (conhecer essa história seria bom, não?).
O exemplo dado pelo Grêmio, antes em Barueri e hoje em Presidente Prudente, é tudo o que um torcedor não gostaria que acontecesse ao seu time do coração. Imaginem quem coloca dinheiro no Noroeste saindo com tudo, de um dia para o outro, deixando uma cidade a ver navios, só com pauzinho do pirulito na mão, levando consigo o doce? Pensemos nisso. Repensar o Noroeste para o futuro (que sempre chega) é mais do que necessário.
Do jogo de ontem, só alegrias. O maior público aqui em Bauru na série A II, mesmo com o time já classificado. Um jogo gostoso, que fluiu fácil, com oportunidades belas de ambos os lados. Perdemos dois gols, mas tomamos até bola na trave.Tomamos o primeiro gol, mas não nos entregamos. O time soube ir à luta, continuou martelando até conseguir o empate e na seqüência, a vitória. Foi bonito ver a torcida cantando alegre, podendo fazer até “Ola” (havia gente para isso) e entoando refrões conhecidos. “O Noroeste voltou... O Noroeste voltou...”, foi entoado várias vezes. Até uma gozação para os rivais domésticos, com “Noroeste na primeira, Marília na segunda e XV na terceira”, foi ouvido. Quando tudo estava consolidado, vê-la pedindo a presença em campo do Gilmar Fubá foi também muito bom, um ídolo que vibra junto do time.
Presenciar a reabilitação de Marcelinho junto à torcida também foi bom, pois após um jogo onde fez gestos agressivos aos torcedores, acabou caindo em desgraça e vários jogos depois, soube construir o fim do desenlace. Fez belos e decisivos gols no campeonato. O novo técnico, acertou o time e até os antes considerados fracos, como Roque e Éder Lima deram à volta por cima. Ouvir o jogo pelo rádio, algo como uma obrigação, mas a grande maioria mudou de estação, privilegiando o Rafael Antonio, da novíssima Jornada Esportiva, pois ali o ouvinte tem voz (um luxo só). Até nosso centroavante, Zé Carlos, o Sassá Mutema, estava num dia sem reclamações e se achando o dono de tudo. Fez seu gol, de pênalti e subiu no alambrado para comemorar junto dos torcedores da Sangue Rubro.
Falar da Sangue é chover no molhado. Pavanello soube fazer a torcida sobreviver e a comanda com energia e sabedoria. Sabe controlar os impulsos dos mais exaltados e instigar os desanimados. Com sede própria, além da festa do estádio, virou rotina o prolongamento de tudo na rua a abrigar a sede, com espaço interditado e congraçamento coletivo, e também necessário.
Ontem tomei cerveja de graça e isso também é fruto de conquistas. Abraçar aquele pessoal todo é como ir revendo amigos, papeando e rindo, relembrando histórias, como quase não se é mais possível nos dias atribulados atuais. O gostoso de ir aos jogos no Alfredão não é só para ver o Noroeste, e sim, também, para reencontrar pessoas, bater papo, sorrir, xingar e, principalmente, continuar tendo a possibilidade de se reunir. Não abro mão disso. E sentirei muita falta disso tudo, até o começo do próximo campeonato, quando lá estarei, com toda certeza.
obs.: todas as fotos foram tiradas ontem durante o jogo e na festa diante da sede da torcida, retratando pessoas que lá estiveram e ajudam a empurrar o Noroeste sempre para a frente. Por: Henrique Perazzi (Mafua do HPA)