DEMOCRACIA RACIAL
Quando o imortal Nelson Mandela estava nascendo em 1918, no
domínio britânico da África do Sul, este Brasil ainda exibia sequelas
devastadoras de três séculos e meio de escravidão oficial entre nós.
Tanto é que o futebol, introduzido em 1895, nos torneios
ainda era exclusividade da classe média branca. Honrosa exceção esse Vasco da
Gama, hoje nas manchetes por conta do seu rebaixamento e da vergonhosa briga
envolvendo seus torcedores e os do Atlético Paranaense.
Mas naquele 1918, ao contrário de Flamengo, Botafogo e
Fluminense, exclusividades da elite branca, escalando apenas jogadores
brancos, o Vasco mandava a campo um time
que misturava brancos, negros e mulatos. Ganharia o campeonato carioca de 1923
e mais a inimizade dos rivais que se juntariam para formar uma Liga paralela,
excluindo o Vasco da Gama.
Já na era do futebol profissional, aquele tipo de racismo
enterrado, o Vasco mudava a camisa. Em 1943 deu adeus às camisas inteiramente
pretas, como aparece na foto, em pé, a partir da esquerda, Ademir de Menezes,
Jerico, Osvaldo, Rubens, Orlando e Elgin; agachados, Florindo, Zarzur, Alfredo,
Robertinho e Argemiro.
HÁ DEZ ANOS...
Exatos dez anos atrás, eu entrevistava no campus da UNESP de
Bauru, o consagrado narrador Fiori Gigliotti (1928-2006).
Que entre as muitas lembranças, resgatou uma de setembro de
1950, o Norusca fazendo aniversário e recebendo o super Vasco da Gama, campeão
carioca, campeão sul-americano, e base da seleção brasileira. Molecote, vi a
festa ao lado do meu pai, 4 a 2 para o Vasco. Entre as emissoras presentes, a
Lins Rádio Clube, através do jovem locutor de 22 anos, Fiori Gigliotti
Em 1952, Fiori já era repórter volante da Rádio
Bandeirantes, flagrado na foto entrevistando o argentino Negri, do São Paulo
F.C.
João F. Tidei de Lima/ Historiador