Jornalista lança livro reunindo crônicas publicadas durante o mandato
do ex-presidente do clube
Considerado um dos maiores locutores esportivos que o rádio
bauruense já teve, Paulo Sérgio Simonetti encarou outro desafio neste ano:
lançar um livro. Intitulada “O Noroeste na Era Damião”, a obra reúne crônicas
que foram lançadas pelo autor entre 2002 e 2012 no site da Rádio 94 FM, onde
apresenta o programa “Informassom”, e descreve a visão do ex-narrador esportivo
sobre a década em que o empresário Damião Garcia esteve no comando do único
clube de futebol profissional de Bauru.
O livro tem o prefácio de João Carlos de Almeida, o João
“Bidu”, atualmente empresário bem sucedido à frente da Editora Alto Astral, e
que durante muitos anos foi a “voz” do futebol ao lado de Simonetti na Rádio
Jovem Auri-Verde. A trajetória do Norusca na “Era Damião Garcia” e a
expectativa sobre o futuro do clube foram assunto do bate-papo entre Paulo
Sérgio Simonetti e o JC. Confira os principais trechos da entrevista.
JC – O livro é uma reunião de crônicas destes dez anos,
certo?
Simonetti – Exatamente. As colunas estavam prontas,
evidentemente. Eu peguei um período um pouco anterior ao início da gestão do
Damião Garcia, para que o leitor possa ter um entendimento, e à medida que você
vai avançando, vai passando o tempo. O Noroeste é um clube engraçado (risos),
quanto mais ele está em crise, mais briga tem pelo poder. Até uma das primeiras
colunas se chama “Não te quero, mas não te largo”. Depois já é o período do
Damião propriamente, trabalhando, com as conquistas. É como se fosse uma novela
mesmo.
JC – Um fato marcante é a morte do então diretor Celso
Zinsly, em 2006, e inclusive uma de suas crônicas fala sobre isso. Você entende
que aquele foi um divisor de águas na “Era Damião”?
Simonetti – Eu uso uma metáfora, até no título da coluna,
que é alma e coração. O seo Damião já é uma pessoa realizada, um empresário bem
sucedido, e ele não conseguiu assumir o clube nos anos 1990. Depois, ele
consegue pegar o Noroeste em 2003, após essa transição com o Toninho Gimenez em
2002. Então, quando eu falo da alma e do coração é isso, o Noroeste é o time da
infância do seo Damião, que depois de se tornar um empresário bem-sucedido,
conseguiu administrar o clube. Mas quem era a alma era o Celso. Ele era quem
tocava, quem administrava, amado por uns, odiado por outros. E todo clube
precisa ter um louco, ele fazia isso aqui, era apaixonado pelo Noroeste. Nós
tivemos antes outros, em outros momentos, como Cláudio Amantini, o Inocêncio
Medina. Com a morte dele (Celso), ficou essa lacuna. Futebol não se toca só com
dinheiro, a não ser que seja um clube-empresa, como esses novos que surgiram.
Mas um time de 103 anos precisa ter muito espírito.
JC – E ninguém teve perfil para preencher esse espaço
deixado pelo Celso?
Simonetti – Talvez o João Bidu. Mas ele é um homem de
negócios, tem a empresa dele, e ele também é uma pessoa mais fria, não tem
exatamente o mesmo perfil do Celso. O João não poderia ficar pessoalmente o
tempo todo administrando o Noroeste, como ficava o Celso. E entre os demais
administradores que passaram pelo clube na sequência da gestão do Damião,
nenhum conseguiu ter essa “alma”. Eu costumo dizer que o Noroeste virou um
escritório: pagava em dia, tudo certinho. Beleza, mas isso não ganha jogo.
JC – Você narrou pela última vez em 1993 e não foi mais ao
Alfredo de Castilho. Como foi fazer o livro sem ver nenhum jogo pessoalmente?
Simonetti – Então, foi exatamente lendo vocês (jornais),
ouvindo as rádios, vendo os videotapes. Agora tem menos, mas antes era mais
frequente. Quando passava jogo ao vivo na televisão, eu sempre estava
acompanhando também. E aí entra também o conhecimento de longa data do clube.
Em alguns momentos eu faço previsões que vão acontecendo. Tem algumas
surpresas, mas no geral o Noroeste se repete muito.
JC – Para finalizar, você encerra o livro com o fim do
mandato do Damião, sem entrar no mandato do Anis Buzalaf Júnior. Agora, o clube
tem um novo presidente, o empresário Emílio Brumati, o que espera do mandato
dele?
Simonetti – O Noroeste é um time teimoso, e sempre se reergue
(risos). Quando você pensa que ele vai acabar, ele ressurge das cinzas. Existe
a chama, embora não pareça, existe um entusiasmo da cidade, se começar a ter
resultado, as pessoas vão voltando. Eu acredito que pode dar certo sim.
Lançamento e exposição
O livro “O Noroeste na Era Damião” será lançado amanhã à
noite, no Espaço Cultural Leônidas Simonetti, que fica na Rádio 94 FM. Nesta
segunda-feira, começa também, no mesmo local, a exposição “Noroeste 103 Anos –
Taças e Troféus”, com alguns dos principais troféus conquistados pelo clube ao
longo de sua história, incluindo o mais recente, o da Copa Paulista de 2012.
A 94 FM fica na rua Marcos Augusto Genovês Serra, 3-35, na
Vila Regina. A entrada para a exposição é gratuita, de segunda a sexta-feira
das 9h às 18h, e aos sábados das 9h às 12h. A exposição vai até o dia 30 de
novembro.
Thiago Navarro /Jornal da Cidade