Saída alternativa

Conselho quer montar grupo para gerir o clube junto com a diretoria executiva

A reunião do Conselho Deliberativo do Noroeste ontem à noite foi longa. Durante quase duas horas e meia, os conselheiros do clube estiveram reunidos na sala do antigo Departamento de Marketing. Foi o primeiro encontro do órgão logo após o rebaixamento do Alvirrubro para a Série A-3 do Campeonato Paulista – a equipe ainda disputa a Copa do Brasil, e vai fazer o jogo de volta da primeira fase, contra o Criciúma, no dia 17.

Menos de dez conselheiros, de um total de 30, estiveram presentes. A reunião foi fechada à imprensa, e nem mesmo o ex-vice-presidente Filipe Rino e o ex-diretor jurídico Thiago Rino participaram. Eles conversaram por alguns minutos com o presidente do Conselho Deliberativo, Toninho Rodrigues, antes do início da reunião. “Eles queriam expor algumas situações por alguns minutos, mas entendemos que não seria bom neste momento”, explica Rodrigues.

Após a reunião, o presidente Anis Buzalaf Jr. disse que apresentou ao Conselho um projeto para tentar dar um “fôlego” financeiro ao clube. “Apresentamos um grupo de empresários que vai ajudar a gerenciar o Noroeste, e apresentei as contas dos três meses de mandato até agora”, disse Buzalaf.

Esta seria uma saída alternativa ao Noroeste, que encontra-se praticamente sem nenhuma fonte de receita no momento. Quarenta cotas, de R$ 2 mil cada, seriam vendidas a empresários, que formariam um grupo para ajudar Buzalaf a tocar o clube, num total de R$ 80 mil por mês – além da venda de publicidade no uniforme e no estádio.

O presidente alvirrubro e alguns conselheiros, entre eles o atual presidente do órgão, Toninho Rodrigues, e o ex-presidente do Conselho Abel Abreu, deverão fazer uma reunião extra-oficial para acertar os detalhes do modelo de cotização, antes de passar o projeto novamente para o Conselho, que precisaria apreciar a ideia. Buzalaf e Abreu fizeram questão de frisar que o projeto ainda está em um estágio “embrionário”, e negaram que isso chegaria a ser uma terceirização da gestão alvirrubra, mas sim um “grupo de noroestinos que se unirá para que o Noroeste não pereça”, definiu Toninho Rodrigues.

Sobre os cargos de vice-presidente e diretor jurídico, nomes foram apresentados, mas só serão definidos nos próximos dias.

Retaguarda do Conselho

O presidente do Conselho Deliberativo, Toninho Rodrigues, afirmou que o intuito da reunião era esclarecer os fatos ocorridos no clube durante a Série A-2. “Esse tipo de reunião é normal. A gente precisava saber a posição do presidente do clube a situação relativa a algumas denúncias contra ele. Os conselheiros indagaram o presidente, nós apreciamos o que foi apresentado, e das quatro ou cinco denúncias que chegaram, apenas uma é mais polêmica, que foi a compra de algumas coisas que o clube não deveria pagar. Vimos também os balancetes (fluxo de caixa) apresentados pelos irmãos Rino e pedimos ao presidente para que nos passe a quantidade de funcionários e atletas do clube, e o custo disso”, cita Rodrigues. “Estamos dando um voto de confiança à gestão do Anis Buzalaf”, finaliza.

Clima tenso

Logo após o início da reunião, os empresários que detinham 60% dos direitos econômicos do meia Romarinho, que conseguiu se desligar do clube judicialmente, conforme o JC trouxe ontem, chegaram ao Noroeste. Eles queriam falar com o presidente Anis Buzalaf Jr., que já estava na sala com os conselheiros.

Buzalaf saiu e por pouco não chegou as “vias de fato” com eles, que querem reaver o valor investido na aquisição de parte do atleta e que estava diretamente vinculada ao contrato do jogador com o Norusca. O caso deve ir para a Justiça. A conversa entre as partes foi aos berros, na frente da imprensa, e apenas depois de muita discussão os ânimos se acalmaram, com Buzalaf retornando à sala onde ocorria a reunião.

Sobre o risco de perder outros jogadores, o presidente noroestino minimizou. “Estamos saneando este problema, e até segunda-feira estará tudo em ordem, ainda tenho R$ 15 mil de sobra do dinheiro do França. Os salários foram quitados hoje (ontem) e ainda tem R$ 130 mil para entrar da CBF, pela participação na Copa do Brasil”, menciona.

Romarinho conseguiu a liberação pelo clube não ter recolhido seu FGTS durante três meses. O JC apurou que o valor não recolhido é pouco mais de R$ 600,00. Já a multa do atleta gira na casa de R$ 2 milhões.


Sem água

No início da noite de ontem, alguns funcionários que moram no clube foram tomar banho no vestiário da Panela de Pressão. Segundo o JC apurou, a parte de cima do Complexo Damião Garcia estava sem energia, o que fez com que a bomba do poço existente no local parasse de funcionar.

Hoje pela manhã, o clube terá dois jogos no Alfredão, pelas categorias de base, e a expectativa é que a energia e a água sejam reestabelecidas normalmente. A diretoria ainda não sabia o que havia ocorrido.
Toninho Rodrigues conversa com Filipe e Thiago Rino antes de se reunir com Conselho

Thiago Navarro/ Jornal da Cidade
Foto/Aceituno Jr.

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