Como em seis meses o Noroeste deixou de ser uma equipe ‘exemplar’ no interior para se tornar bomba
Na época em que dinheiro não era problema, o Noroeste era
visto como um dos times mais estruturados do futebol no interior paulista. Essa
imagem foi criada no início da Era Damião Garcia graças aos acessos seguidos e
às boas campanhas na Série A-1. Mas, bastou a fonte secar para o clube virar
uma verdadeira bomba-relógio.
Aliás, não bastaram nem seis meses da saída do antigo
mecenas para o clube sentir dentro das quatro linhas o primeiro efeito do que é
viver em crise. Sem recursos, com elenco e diretoria rachados, o Noroeste não
teve forças para evitar um rebaixamento que parecia distante no início da Série
A-2.
O fato é que a queda para a terceira divisão nada mais é do
que o reflexo de um clube que não soube aproveitar o período de “vacas gordas”
da Era Damião Garcia. E que agora acumula crises de todos os lados.
Se antes era normal o clube gastar R$ 400 mil por mês mesmo
estando na segunda divisão, hoje em dia não consegue arrecadar nem R$ 50
mil com empresários de Bauru e região.
Os gastos também foram reduzidos, mas não num ponto ideal – hoje em dia a
estrutura noroestina custa algo em torno de R$ 200 mil.
Com uma redução nas verbas, o time dentro de campo também
encolheu. Se no início da Série A-2 chegou a brigar pela liderança, foram nada
menos do que dez rodadas sem vitórias que derrubou o Noroeste para a terceira
divisão. Se o time conseguia fazer contratações de impacto no interior, passou
a buscar outros sem contrato nas duas últimas temporadas para economizar.
É nesse cenário que o Noroeste já planeja seu segundo
semestre. O pensamento continua sendo de time grande, tanto que mesmo sem
dinheiro o clube quer disputar a Copa Paulista. Resta apenas saber se as
próximas decisões irão engrandecer ou apequenar ainda mais o time bauruense.
Noroeste estreia e perde em clássico na base
Diante dos problemas enfrentados nos últimos meses, a nova
diretoria noroestina resolveu continuar com os investimentos ainda que reduzidos na categoria de base, com
jogadores apenas da cidade e região. E a estreia dos times sub-15 e sub-17 foi
mais do que desanimadora.
As duas equipes fizeram o clássico regional contra o
Marília, no Alfredo de Castilho, e
perderam. O sub-15 sofreu uma derrota por 3 a 0. Já o sub-17 conseguiu segurar
um pouco mais o Marília, atual vice-campeão paulista na categoria, em 2 a 0.
A crise financeira também atinge os dois times noroestinos
na base. Ao contrário dos últimos anos,
nesta temporada as duas equipes realizavam apenas treinos em um período, contra
dois na época do diretor João Gonçalves. Além disso, em alguns dias chegou a
faltar até comida no alojamento noroestino.
Os dois times voltam a jogar sábado às 9h e às 11h, em
Osvaldo Cruz, contra a equipe da casa.
TODAS AS CRISES DO CLUBE
Crise administrativa
Nos últimos três meses a diretoria noroestina não conseguia
falar a mesma língua. Anis Buzalaf
Júnior (foto) tomou várias decisões sem consultar seu vice e outros
membros da diretoria.
Crise política
Com presidente e vice sempre entrando em rota de colisão,
era natural que logo eles trocariam acusações. O fato é que em quatro meses
Anis Buzalaf já precisa indicar seu
terceiro vice-presidente.
Crise financeira
Com ambiente conturbado, o clube também encontra
dificuldades para achar patrocínio. Assim, atraso de salários são constantes
entre funcionários e jogadores noroestinos.
Crise técnica
Sem dinheiro para contratar, clube recorreu a jogadores
baratos e que estavam sem clube na véspera da Série A-2. Não deu outra. Sem
grandes nomes o time voltou para a terceira divisão.
Crise no grupo
Os atrasos de salários também racharam o elenco do Noroeste
com a diretoria. Alguns até ameaçaram fazer greve na reta final da Série A-2
pelo problema e por divergências com cartolas.
Crise na estrutura
Se antes o Noroeste se orgulhava de ter uma mega estrutura,
agora o time precisa enxugar ao máximo. Já perdeu fisioterapeutas, preparadores
físicos e outros funcionários.
Crise psicológica
Sem salário, sem estrutura e acumulando derrotas, o Noroeste
conviveu com o nervosismo. Foi o time mais violento na A-2 e ainda viu dois
atletas do time discutirem no meio do jogo.
Gustavo Longo Bauru/ Bom Dia Bauru