MEMÓRIA DA BOLA


: Em 1955, Esteban Marino, entre os bandeirinhas, no velho Alfredão

 SUMIÇO MISTERIOSO DE ESTEBAN MARINO

Provavelmente o mais qualificado entre os árbitros estrangeiros recrutados pela FPF, lá por meados do século passado, o uruguaio Esteban Marino (1915-1999) apitou vários jogos do Paulistão em Bauru.
Integrou o quadro da FIFA na Copa do Mundo de 1962 no Chile. Era o bandeirinha na semifinal, quando o Brasil ganhou dos donos da casa por 4 a 2 , perdendo ao mesmo tempo, por expulsão, o seu maior jogador, o inigualável Garrincha.
Testemunha ocular, Marino teria que depor junto à comissão disciplinar da FIFA. Na súmula, constava informação do árbitro Arturo Yamazaki dando conta que seu auxiliar "precisou viajar",  deixando um bilhete onde dizia que a suposta agressão de Garrincha  fôra "um revide típico de lance de jogo". Como todo mundo sabe Garrincha acabaria absolvido e o Brasil ganharia a final contra a Tchecoslováquia por 3 a 1.
Mas, o que pouquíssimos sabiam naquele momento, era o destino do, digamos, desconcertante bandeirinha. O jornalista Ruy Castro contou depois que Esteban Marino havia recebido, na véspera do julgamento, uma passagem aérea Santiago-Montevidéu..via-Paris.
Soube do final da Copa num dos cafés da avenida Champs Elysées...

Em 1963, após o jogo, Pelé cumprimentou Almir nos vestiários

O DIVINO DELINQUENTE

Década de 1960, um tempo em que a decisão do mundial de clubes, opondo europeus e sul-americanos, era um jogo lá, outro cá, sede também de um terceiro, se necessário.
Em outubro de 1963, primeiro jogo na Itália, Milan 4 x Santos 2. Um mês depois o pega no Maracanã, diante de 132 mil torcedores, o Santos sem Pelé, machucado. Em 12 minutos o Milan fez 2 a 0, e no intervalo desceu para os vestiários com ares de campeão. Mas, aí...
...Aí, no segundo tempo irrompeu Almir, o substituto do Pelé. Turbinado, começou a provocar, xingar, cuspir, abalroar, parecendo querer demolir fisicamente a defesa do Milan, que desaba...O Santos faz 4 a 2 e põe a mão no troféu. Como se sabe, venceria o jogo final por 1 a 0.
Tempos depois, Almir confessaria: "tomei bolinha e entrei em campo como um touro miura, daqueles que vi nas touradas da Espanha".
No jornal O Globo, Nelson Rodrigues lhe renderia homenagem em coluna intitulada "O Divino Delinquente".
Almir Albuquerque, nascido em 1937,  foi assassinado 40 anos atrás.

João F. Tidei Lima/ Memorialista

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