Primeiro
a notícia, depois a comparação sobre o Lado A e o Lado B de Bauru e do
mundo em que vivemos. Ontem, um dia antes da eleição para
presidência do Esporte Clube Noroeste (ela acontece hoje e 4 chapas
concorrem ao pleito), a imprensa anuncia que o goleiro Wálter, o astro
do time campeão da Copa Paulista (vencida uma semana atrás), teve seus
direitos vendidos por R$ 100 mil reais e para um empresário, justamente
Antônio Alencar, da Mariflex. Estranho o fato dele até ontem ser
candidato à presidência e de ter renunciado, mas não ter feito o mesmo
para sua condição de empresário, pois presta sua laboriosa contribuição
para o momento vivido pelo time, quase insolvência financeira após
família Garcia, da Kalunga terem tirado o time de campo. Aqui não existe
muito o que comentar e nem quero fazê-lo, pois não pretendo ser um dos
argumentos para esse ou aquele se dizer perseguido e não mais contribuir
para tirar o time da situação em que se encontra. Ouço muito dizerem
pela cidade que os pés rapados (situação em que me encontro) não podem e
nem devem emitir suas opiniões. Isso me faz lembrar de uma reunião da
cúpula do PSDB bauruense, quando um novato tenta abrir a boca e dar sua
opinião. Chamado a atenção por um capô: “Quem és tu para achar alguma
coisa aqui?”. Como aqui não é reduto tucano, acredito que posso (e devo)
abrir o bico nesse momento.
LUIZ CARLOS, o LUIZÃO foi um dos maiores goleiros que o Esporte Clube Noroeste teve em sua centenária existência. Prata da casa permaneceu a maior parte de sua vida profissional defendendo as cores do “vermelhinho” e sempre o fez com honradez, profissionalismo e lisura. Nunca o via falante, acredito ter sido um desses líderes que passava a mensagem mais pela fisionomia. Impoluto e respeitado por todos, principalmente pelos torcedores. Viveu momentos tristes em sua vida, bebeu além da conta e hoje tenta se recuperar. Fico corroído internamente todas as vezes que o reencontro, quase sempre no mesmo lugar, nas proximidades dos trilhos, passagem da vila Falcão para o Bela Vista (deve morar ali perto). Não está bem e nem aos jogos vai mais (isso faz tempo). Saúde debilitada, vive esquecido, cabeça baixa, com a mais absoluta certeza está com os bolsos mais do que vazios, enfrentando a vida como pode. Esse sempre valeu mais do que meros R$ 100 pratas, mesmo sendo-lhe pago sempre pouco. Viveu em outros tempos, diga-se de passagem. Ele representa para mim o vencedor jogador do Noroeste, que dentro de campo sempre cumpriu o que era proposto e do outro lado, o dos dirigentes, que vendiam e vendem, repassam para lá e para cá atletas, como se seus fossem, esquecendo-se que por detrás de tudo está o Noroeste, que sobreviveu a isso tudo não sei nem bem como.
com
a ajuda dos que o reverenciavam no passado. Isso uma coisa. Outra essa
exposição nítida e franca de como tudo se processa no mundo atual. Vejo
um time de futebol, ou sempre acreditei que deveria ser assim, a defesa
intransigente dos seus cofres em primeiro lugar, comandado por abnegadas
pessoas, que até abriam mão de algo pessoal para manter o time vivo,
cada vez mais altaneiro. Levo em conta que vivemos no mundo capitalista e
tudo, quer queiramos ou não é um grande negócio. A cabeça das pessoas é
induzida a agir dessa forma e jeito. Aqui a comprovação (mais uma, só
isso) de que a vida de sonho, de que tudo é feito de e para a
lgo
é balela, conversa para boi dormir. O argumento para essa transação
será a de que o Noroeste precisa de grana já e o jogador só será
valorizado (se assim o ocorrer) lá na frente. O capitalista joga com
isso, imagina o lucro e faz o negócio. Todos agem assim, faz parte desse
que dizem ser o mundo ideal, único possível e permitido. Parte do rombo
atual deve ter sido tapado com a transação feita, mas deixo aqui minha
opinião de quem acredita que um novo mundo ainda é possível: Por que o
empresário não empresta esse R$ 100 mil para o Noroeste e lá na frente
quando o jogador for repassado, tira o seu e mais algum de juros e o
time, esse sim, ficaria com um belo caixa? A instituição Noroeste
penhoradamente agradeceria, os torcedores o carregariam nos ombros e é
disso que precisamos (me incluo dentre esses) nesse e em todos os
momentos de sua conturbada vida financeira (lembram-se do Onze Camisas
Futebol Clube?). E não nos esqueçamos nunca de Luizão, um ídolo, um
ícone, um que a galera das arquibancadas sabe ter honrado sua gloriosa
camisa e que hoje não deve ter meros R$ 100 pratas no bolso.![]() |
Formação do Norusca de
1973....Em pé: Luizão,Lelo, Marco Antonio, Lorico, Odairzinho e Dé.
Agachados: Rodriques, Zé Rubens,Amauri Anderson , Milton e China.
|
