BRUNO LOPES, REVOLUCIONÁRIO NO MODO DE PENSAR E QUERENDO AGIR

Bruno é esse garotão alto e sarado, praticante do fisiculturismo, 31 anos, curso de Direito concluído e empresário há sete anos, revendendo suplementos alimentares e além disso tudo, aguerrido torcedor do Esporte Clube Noroeste. Para quem não o conhece pode parecer a primeira vista um sujeito bravo, mas a impressão é pelo fato de falar o que pensa, quando pensa e na frente de qualquer um. Sempre foi assim, uma agitada e inquieta pessoa, revoltada com as injustiças e contra o pensamento único a dominar o mundo, bem ciente do que quer e de todos os empecilhos que terá que transpor para alcançar seus objetivos. Uma filha, seu lazer resume-se a fazer as coisas que gosta, como curtir um rap e frequentar o Estádio Alfredo de Castilho, presenciando seu time do coração jogando. Por três eleições tentou participar de uma reunião do Conselho Deliberativo, só conseguindo agora, pelo motivo de ter inscrito uma chapa, a diferenciada Noroestinos Organizados e Revolucionários de Bauru, a NORB, numa alusão clara e direta a outra sigla famosa, a da NOB, que tem tudo a ver com os trens e a maior empresa ferroviária que atuou na cidade. Está causando boas e más impressões, justamente pela coragem de dizer coisas até então pouco ditas, impactando mais pelo uso da palavra “revolucionários” no nome da chapa. Com um estilo mais do que próprio, Bruno não perde uma boa oportunidade de expressar um pouco do que pensa.

A ENTREVISTA (O pensamento de Bruno encabeçando uma chapa para a presidência do E.C. Noroeste - Conhecer um pouco de como encara o futebol e entende o momento atual):
Por que o desligamento da chapa do Pedroso e a criação de uma nova?
Não me desencantei com ele, como chegaram a pensar. O Noroeste vive um ambiente político e o que fizemos foi uma estratégia para concorrer ao pleito. Estamos separando as chapas para fazer política. Separados, porém juntos. Nem ele, nem seu vice são associados, eu e o meu vice somos. Sai candidato para não impugnarem uma única e nada podermos fazer. Hoje, se a dele, a “Sangue Novo” não passar, a minha, a “NORB” passa. Estamos antevendo possibilidades, como num jogo de xadrez. Temos a mesma mentalidade, cientes de que uma vai sempre contar com a outra, tudo por que temos um tramite pela frente e não sabemos como vai ser, como serão os próximos lances desse jogo.
Não temem perder o patrocínio da própria Kalunga, primordial hoje?
De forma alguma vamos fechar a portas para todos e qualquer patrocínio. Queremos agregar. Não existe isso de ganharmos e a Kalunga sair. Existe um contrato e ele deve ser respeitado. Nunca tive contato com seu Damião ou qualquer dos Garcia, nem positivo, nem negativo. Penso que o negócio é abrir não fechar as portas. As críticas que fiz a eles é pelo desgaste, pelo modo como administraram o clube. Vamos ser vidraças também e toda direção tem que estar sujeita a criticas, protestos e manifestações. Não entendemos dos motivos de terem saído agora, pois faltava um ano e meio de mandato, não tinham motivo. Inventaram um para sair, mas iremos sim conversar muito com eles e com todos os outros. Não queremos e nem podemos perder nenhum patrocínio.
E esse nome “Revolução”, mais assusta ou aproxima?
Não podemos se atentar somente para a gramática da palavra. Sou uma pessoa mais áspera, dura, não tenho problema com ninguém e o que tiver que falar falo na lata. Isso não é motivo para desmerecer. O que propomos é o algo novo, a mudança de estilo e forma de agir. Isso não deveria assustar e sim agregar. Hoje não cuidam mais dos pequenos detalhes, pois chegou a faltar ingresso nas bilheterias e nesse momento, mais de 25 minutos do 2º tempo, estamos ganhando de 1x0 e ninguém foi lá mexer no placar. Eu enxergo tudo e não tenho papas na língua. Faz cinco, seis anos que estudo o Noroeste, me reúno, tento entender, leio, discuto e vejo que essa é a oportunidade de mudarmos tudo. A revolução que uso é mudar o modo como tratam e conduzem o Noroeste. Isso é até simplista. Revolucionário não é louco e ninguém administra sem estar com os pés no chão. Somos uma opção de trabalho diferente. Temos duas chapas na disputa e estamos juntos e quem dos dois assumir sabe que o outro estará junto para o que der e vier.
E o fato de estar só rodeado de torcedores, ninguém no estilo com grana para investimentos. Como encara isso?
Sabe o que eu tenho, eu tenho uma proposta. Tenho uma grande ideia e só vou poder coloca-la em pratica se estiver lá dentro. O mecenas que vai colocar dinheiro a fundo perdido não existe mais. Ficamos dez anos com essa fórmula arcaica, atrasada e dessa época não restou nada de sério, pois no dia seguinte estavam pedindo alimentos à cidade. Futebol tem que ser feito de outro jeito, ser administrado como time pequeno e também como uma empresa. A receita que tinham até então é a de um grande time de futebol, impraticável. Tenho ideias para multiplicar a receita, mas com essa estrutura atual é impossível. O custo até então é muito alto e precisa ser reduzido com responsabilidade e mostrando esse novo caminho. Tenho boas idéias. Tem coisas que não tem custo nenhum e não são feitas, como a utilização do estacionamento interno do clube. Como posso discutir algo sobre o patrocínio máster do lado de fora, impossível. É necessário enxugar gastos, não existe como manter uma estrutura de 1º Divisão com o time na A2. Veja bem uma coisa, o prefeito Rodrigo não era nada dez anos atrás. Hoje é, o que quero ter é a oportunidade. Me alijar do processo porque não sou ninguém não aceito. Estou envolvido e quero trabalhar. Quero fazer diferente, a tão temida revolução.
E sua empresa, pensa em continuar tocando ela e o Noroeste ao mesmo tempo?
Quero priorizar o Noroeste, mas não abandonar a empresa., Vou me envolver em tudo, assistir jogos de todas as categorias e cuidar de cada detalhe. Hoje nem associado do clube alguém consegue ser mais. Fui barrado várias vezes e vejo quem critica é visto como inimigo. Depois de três eleições essa foi a primeira que consegui participar do processo. Hoje quando se fala em mudança muitos tem medo. Mudança não é o fim. Quero trazer o time de volta para a cidade e reaproximar a cidade do time, cuidando desde os pequenos aos grande detalhes, todos são importantes.
Sua chapa está completa?
Não. Lançamos somente os nomes do presidente e vice, mas dez nomes poderiam ser indicados. Só a encabeçamos, para depois de eleitos compor um time com convites entre muita gente que pode e quer dar o seu quinhão de participação para o Noroeste. Pensamos que se uma das duas for impugnada, a outra concorre e vice-versa. Não podemos ainda escancarar muita coisa do que pensamos, pois estamos agregando ideias, elaborando planos e com iniciativas para enxugar gastos e trazer receita. De seis a sete mini empresários já estão conosco.  O que não aceitamos é a colocação dessas duas chapas no bolo junto com a do Elias Brandão. Aqui ninguém convidou ninguém por brincadeira, sem avisar. Eu vivo o Noroeste e não brinco com o seu nome.
Henrique Perazzi de Aquino, diretamente do Mafuá do HPA

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