Em 1958, Geraldo José de Almeida (à esq.) foi recebido em Bauru, por Gino Bacci. |
MILAN 8, S.PAULO 1
MILAN
"MASSACRA" O TRICOLOR
Já toquei nesse assunto. Lá pela metade do
século passado as comunicações intercontinentais eram dificílimas. Transmissões
radiofônicas de um continente à outro, uma façanha. Apesar disso a Rádio
Panamericana, a Emissora dos Esportes, em cadeia com a Record, garantiu
cobertura à excursão do São Paulo, à Europa em 1951.
Depois de
transmitir no dia 29 de março o empate do Tricolor contra ao Gênoa, a
Panamericana ocupou meia página de A Gazeta Esportiva para anunciar a
transmissão do jogo contra o poderoso Milan. No dia e hora aprazados, ao
microfone, o locutor Geraldo José de Almeida (1919-1976) não se cansava de
protestar contra a "desonestidade do árbitro", enquanto narrava, um a
um, os gols de uma impiedosa goleada imposta pelo esquadrão italiano: 8 a 1!
No
Pacaembu, onde transmitia Corinthians e Flamengo, o locutor Aurélio Campos, da
Rádio Difusora, informado pelo seu plantão, embarcou nos protestos do Geraldo
José, e, indignado, exigiu providências do governo brasileiro, "contra
essa vergonha que desmoraliza o nosso futebol".
No dia
seguinte, quando alguns jornais, escorados na transmissão, noticiavam a
"vergonhosa derrota do São Paulo", a Panamericana ocupava meia página
de A Gazeta Esportiva para contar toda a verdade: tudo não passava de um
Primeiro de Abril, afinal o dia da mentira.Veio também a explicação adicional:
a brincadeira, que hoje está fazendo 61 anos, era do conhecimento prévio de um
número minimo de pessoas, e tinha sido preparada às vésperas da viagem, quando
Geraldo José de Almeida, com efeitos especiais, gravou o jogo fictício.
LIBERDADE,
LIBERDADE
Por falar
em Primeiro de Abril, também aniversário do Golpe Militar de 1964, uma
lembrança do grande Millor Fernandes.
Ouvi o seu
texto, Liberdade, Liberdade, no teatro de protesto que chegou em 1966 à Bauru,
sob a direção de Flávio Rangel. Presente, com mais algumas pessoas no Automóvel
Clube, não esqueço das interpretações de Paulo Autran, Tereza Raquel, Luiza
Maranhão e Jairo Arco e Flexa.
João F.Tidei de Lima/ Historiador