Futebol Paulista de cabeça para baixo


Quero dar um enfoque diferente nas análises convencionais das competições do nosso futebol paulista em suas séries A1, A2 e A3.

O que normalmente tratamos na maioria das vezes está voltado, primeiramente, para o desempenho das grandes equipes na Série A1 e depois uma atenção para aquelas equipes que se destacam nas outras séries, ocupando os primeiros lugares, os classificáveis.

Viro as tabelas de cabeça para baixo. O que vejo? Na Série A1 nada de novo. Está acontecendo o previsto para quem acompanha o futebol. Já no campeonato passado, antes de começar a competição pedi a meu companheiro de Informasom na 94FM, Reinaldo Cafeo, que anotasse quais seriam as equipes rebaixadas. Pedi que marcasse cinco clubes, inclusive o Noroeste. Dos cinco, quatro foram rebaixados.

Este ano repeti a dose e ele marcou mais cinco. Deles, só o Linense está escapando, os outros estão nas quatro últimas posições na tabela. Os dois clubes de Ribeirão Preto, Botafogo e Comercial, mais XV de Piracicaba e Catanduvense. É verdade que Oeste, Guaratinguetá, Portuguesa e Ituano também estão ameaçados. O que acontece é que as últimas perdem muito, apesar da surpreendente goleada do XV em Lins.

Nas séries A2 e A3 a tarefa já não é tão fácil, tão óbvia. Há uma rotatividade de estrutura nas equipes e muito equilíbrio entre elas, confundindo um pouco quem acompanha mais à distância, como acontece com a maioria dos analistas. Cada um sabe do time de sua cidade e no máximo da região.

Vejam, por exemplo, a situação da cidade de São José do Rio Preto, que como Ribeirão Preto foram há alguns anos centros de grandes equipes do Interior, amargam hoje um risco seríssimo de rebaixamento para a série A3. Tanto América quanto Rio Preto estão entre os quatro últimos. Santa Cruzense e União São João completam o quarteto. Monte Azul e Santo André também perigam ser degolados.

Finalmente na Série A3,  o tradicional XV de Jaú, Taubaté, Oswaldo Cruz e Taboão da Serra demonstram que não vão escapar da queda para a Segundona. Inter de Bebedouro, Sertãozinho, Independente e Internacional, ambos de Limeira, também não podem vacilar.

Um problema comum a praticamente todos os clubes pequenos, os batalhadores do Interior, é a falta de continuidade no elenco. O plantel muda muito. Quando vai chegando o campeonato é montado um time às pressas, com contratação de 20, 25 jogadores.

Não dá tempo de entrosamento. O técnico e muitas vezes os técnicos que comandam os times, não têm tempo de criar um entrosamento, uma união, enfim formar uma equipe. Acabam dependendo muito de sorte, de um bom começo e outros tantos fatores.

A verdade é que os calendários e os formatos das competições não atendem aos interesses e necessidades dos clubes interioranos, que deveriam ter mais jogos, mais continuidade, para poder revelar jogadores e ter tempo para lançá-los gradativamente numa equipe entrosada, com personalidade, onde a responsabilidade não pesasse tanto para os garotos.

A torcida desses clubes, que diminui ano a ano, não conhece os jogadores, não tem convivência com o plantel, porque são efêmeros. Tudo é muito fugaz. O esquema do futebol hoje é para grandes equipes. Algo tem que ser feito, mas isso é outra estória.
Paulo Sérgio Simonetti/ Rádio 94 Fm de Bauru

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