Um boleiro entre Bauru e o Uruguai

Sérgio Clavero na quadra da escola Bate Bola, entre troféus acumulados ao longo da carreira de jogador e treinador no Uruguai e no Brasil

Sérgio Clavero foi jogador do Noroeste, time em que trabalha até hoje. Já se considera bauruense, mas vibra por seu país

Dá para dizer que o ex-jogador Sérgio Clavero, 48 anos, é um homem dividido. Uma parte dele está no Uruguai, onde nasceu. A outra em Bauru, a cidade que adotou como sua.
Ele começou a jogar futebol na pequena Cardona, a terra natal. Em 1983, o atacante foi para Montevidéu. Jogou dois anos no Peñarol, numa fase positiva para a equipe, recém-campeã. Passou por outros times lá até ser chamado para o Londrina, no Paraná.
“Naquela época a gente mandava recorte de jornal”, lembra, sobre a forma usada para mostrar a atuação.
Clavero chegou ao Brasil em 1989, já na segunda metade da carreira. Passou uma temporada no Londrina. Tempo sofrido. A mulher e o filho de cinco anos ficaram no Uruguai. A adaptação ao português foi difícil.
De lá, foi para o Botafogo de Ribeirão Preto e começou a se sentir melhor. A direção do clube providenciou a mudança da família, as dificuldades com a língua já não assustavam tanto e o atacante conviveu com o craque Sócrates, ex-Corinthians, na fase final de atleta.
Antes de chegar ao Noroeste, em Bauru, o jogador uruguaio ainda passou pelo Linense, Sertãozinho e Sãocarlense. Chegou aqui em 1993 e ficou no time até o ano seguinte. Viveu alegrias e tristezas. No primeiro ano, o time foi bem. No segundo, caiu para a segunda divisão.
“Ficou a mágoa de minha parte por não ter deixado o Noroeste no lugar que ele merece”, lamenta. “Mas futebol é assim. É preciso planejar para que isso não aconteça”.
Clavero não deixou mais Bauru. Fez amigos e conquistou uma carreira bem sucedida como treinador de jovens jogadores. Há 18 anos, junto com o sócio, comanda a escola Bate Bola. Também trabalha na Secretaria de Esportes e no Noroeste, onde treina a equipe sub-15.
Além do mais, aqui nasceu seu filho mais novo, Francisco, 18,  também atacante. O caçula joga no Santo André e, em campo, tem características parecidas com as do pai. O outro filho, Sérgio Eduardo, 26, é gráfico, joga futebol amador e deu a Clavero o outro motivo para que a família tenha raízes bem firmes aqui: é pai de João Vitor, 4, o primeiro neto.
Mas... não dá para negar que naquele peito bate um coração uruguaio. O atacante tem saudades do seu país, que visita a cada dois anos.
Nunca deixou de admirar o futebol uruguaio, raçudo na época em que começou, a caminho da estruturação hoje em dia. Lá, conta, jogador para ganhar dinheiro precisa ir para a Europa. Mas, na base, os meninos são obrigados a estudar. Exigência que também faz parte de sua cartilha.
Ele costuma falar para o filho e para os 120 meninos que frequentam a escola de futebol que os estudos não devem ser abandonados. Até porque ninguém sabe qual será o futuro.
Na Copa do Mundo da África, Clavero vibrou com a boa performance da seleção uruguaia. “Foi uma façanha”, elogia.

Quem é e o que faz:
Nome:Sérgio Clavero
Idade: 48 anos
Onde nasceu: Cardona, no Uruguai
Quando chegou em Bauru: 1993
Times em que jogou: Peñarol, Danúbio, Londrina, Botafogo de Ribeirão,  Linense, Sertãozinho, São Carlense e Noroeste
O que faz:  é sócio da Bate Bola, trabalha no Noroeste e na Semel

Por Cristina Camargo ( Bom Dia Bauru )
Foto: Juliana Lobato

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