Futebol na academia
A semana que passou foi decisiva nos estádios Brasil afora, mas não menos palpitante em outro cenário em que o futebol cabe muito bem: a universidade. A 13ª Jornada Multidisciplinar da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, organizada pelo Departamento de Ciências Humanas, foi um golaço. Na verdade, mais um drible nos resistentes à realidade de que o futebol é tema relevante, sim, para a reflexão e pesquisa acadêmicas. Neste ano, a Jornada veio com o tema “Futebol, Comunicação e Cultura”, coordenada pelos professores Zeca Marques e Jefferson Goulart.
Com auditório cheio em todas as mesas-redondas e conferências, o evento discutiu com profundidade esse esporte na cultura brasileira. Entre os convidados, o jornalista Celso Unzelte (ESPN Brasil), que também é professor (na faculdade Casper Líbero), decretou a maior das verdades: “Quem trata o futebol como coisa menor é ignorante!”. De fato, ignorar esse fenômeno social que gera paixão e ódio e espelha o comportamento humano, só tapando olhos e ouvidos.
Unzelte rebateu a ideia de que o futebol é alienante. É apenas mais um instrumento de alienação, como pode ser a televisão ou a música. “O problema não é o futebol, mas a forma como o utilizam”. Em meio a suas contribuições para o debate, o jornalista não abandonou sua característica veia humorística, ao contar que seu colega de ESPN (e compadre) Paulo Vinícius Coelho (o PVC) discute futebol até em festa de aniversário. E deu recado aos desavisados: “O bom humor no jornalismo esportivo não é propriedade do Tiago Leifert, existe há muito tempo”.
Na mesma mesa, Flavio de Campos, do Departamento de História da USP, reforçou que a universidade precisa se aproximar mais da comunidade e falou sobre a elitização do futebol – ingressos cada vez mais caros e consequente afastamento das camadas populares dos estádios.
A Jornada foi encerrada com o professor Pablo Alabarces, da Universidade de Buenos Aires, que matou a curiosidade da plateia sobre o futebol argentino. Na inevitável pergunta “Pelé ou Maradona?” (do professor Chamadoira, articulista do BOM DIA), não subiu no muro, tampouco foi parcial. Disse a verdade: “Pelé foi o maior da era pré-global e Maradona inaugurou a globalização no futebol. Pelé foi um jogador mais completo, mas a identificação de Maradona com a cultura argentina é muito mais significativa do que a de Pelé com a brasileira”.
Foram momentos inspiradores na Unesp e que venham mais encontros para discutir o futebol com a devida profundidade.
Anotou, Batata?
Na última semana, também participei do Fórum Empresarial Regional, que contou com a participação de Marcus Vinícius Freire, superintendente-executivo do Comitê Olímpico Brasileiro. Bem articulado, o ex-jogador de vôlei (medalhista olímpico de prata em 1984), contou detalhes da vitória do país para sediar os Jogos de 2016 e instigou Bauru a melhorar sua atuação no esporte.
Referindo-se nominalmente a Batata em vários momentos de sua fala, Freire passou inúmeras sugestões ao secretário de esportes, avisando ao dono da pasta ser um “dever de casa”. A saber: sugeriu que Bauru, com o legado dos Jogos Abertos de 2012, se candidatasse a sede das Olimpíadas Escolares de 2013; incentivou a cidade a abraçar uma modalidade, ainda mais após saber que o polo aquático está forte por aqui – deu dicas sobre captação de recursos via incentivos fiscais e contratação de treinador estrangeiro; convocou políticos e empresários a desenvolver pelo menos um atleta bauruense para compor a delegação brasileira em 2016. Ouviu que o golfista Guilherme Oda tem esse potencial de chegar forte à Olimpíada do Rio e decretou: “Apoiem esse garoto!”.
Panela
Depois de ficar com a agenda cheia, Batata falou à coluna. Reafirmou a política do “bom e barato” nos Abertos 2012 e deixou recado animador: é possível que o ginásio da Panela de Pressão fique pronto a tempo de pleitear a sede da Liga Sul-Americana de basquete, em outubro. Até porque, para não ferir a lei eleitoral, todas as licitações para as praças esportivas deverão ser concluídas ainda este ano. A conferir.
Texto publicado na edição de 16/5/2011 do jornal Bom Dia Bauru (coluna Papo de Futebol)
A semana que passou foi decisiva nos estádios Brasil afora, mas não menos palpitante em outro cenário em que o futebol cabe muito bem: a universidade. A 13ª Jornada Multidisciplinar da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, organizada pelo Departamento de Ciências Humanas, foi um golaço. Na verdade, mais um drible nos resistentes à realidade de que o futebol é tema relevante, sim, para a reflexão e pesquisa acadêmicas. Neste ano, a Jornada veio com o tema “Futebol, Comunicação e Cultura”, coordenada pelos professores Zeca Marques e Jefferson Goulart.
Com auditório cheio em todas as mesas-redondas e conferências, o evento discutiu com profundidade esse esporte na cultura brasileira. Entre os convidados, o jornalista Celso Unzelte (ESPN Brasil), que também é professor (na faculdade Casper Líbero), decretou a maior das verdades: “Quem trata o futebol como coisa menor é ignorante!”. De fato, ignorar esse fenômeno social que gera paixão e ódio e espelha o comportamento humano, só tapando olhos e ouvidos.
Unzelte rebateu a ideia de que o futebol é alienante. É apenas mais um instrumento de alienação, como pode ser a televisão ou a música. “O problema não é o futebol, mas a forma como o utilizam”. Em meio a suas contribuições para o debate, o jornalista não abandonou sua característica veia humorística, ao contar que seu colega de ESPN (e compadre) Paulo Vinícius Coelho (o PVC) discute futebol até em festa de aniversário. E deu recado aos desavisados: “O bom humor no jornalismo esportivo não é propriedade do Tiago Leifert, existe há muito tempo”.
Na mesma mesa, Flavio de Campos, do Departamento de História da USP, reforçou que a universidade precisa se aproximar mais da comunidade e falou sobre a elitização do futebol – ingressos cada vez mais caros e consequente afastamento das camadas populares dos estádios.
A Jornada foi encerrada com o professor Pablo Alabarces, da Universidade de Buenos Aires, que matou a curiosidade da plateia sobre o futebol argentino. Na inevitável pergunta “Pelé ou Maradona?” (do professor Chamadoira, articulista do BOM DIA), não subiu no muro, tampouco foi parcial. Disse a verdade: “Pelé foi o maior da era pré-global e Maradona inaugurou a globalização no futebol. Pelé foi um jogador mais completo, mas a identificação de Maradona com a cultura argentina é muito mais significativa do que a de Pelé com a brasileira”.
Foram momentos inspiradores na Unesp e que venham mais encontros para discutir o futebol com a devida profundidade.
Anotou, Batata?
Na última semana, também participei do Fórum Empresarial Regional, que contou com a participação de Marcus Vinícius Freire, superintendente-executivo do Comitê Olímpico Brasileiro. Bem articulado, o ex-jogador de vôlei (medalhista olímpico de prata em 1984), contou detalhes da vitória do país para sediar os Jogos de 2016 e instigou Bauru a melhorar sua atuação no esporte.
Referindo-se nominalmente a Batata em vários momentos de sua fala, Freire passou inúmeras sugestões ao secretário de esportes, avisando ao dono da pasta ser um “dever de casa”. A saber: sugeriu que Bauru, com o legado dos Jogos Abertos de 2012, se candidatasse a sede das Olimpíadas Escolares de 2013; incentivou a cidade a abraçar uma modalidade, ainda mais após saber que o polo aquático está forte por aqui – deu dicas sobre captação de recursos via incentivos fiscais e contratação de treinador estrangeiro; convocou políticos e empresários a desenvolver pelo menos um atleta bauruense para compor a delegação brasileira em 2016. Ouviu que o golfista Guilherme Oda tem esse potencial de chegar forte à Olimpíada do Rio e decretou: “Apoiem esse garoto!”.
Panela
Depois de ficar com a agenda cheia, Batata falou à coluna. Reafirmou a política do “bom e barato” nos Abertos 2012 e deixou recado animador: é possível que o ginásio da Panela de Pressão fique pronto a tempo de pleitear a sede da Liga Sul-Americana de basquete, em outubro. Até porque, para não ferir a lei eleitoral, todas as licitações para as praças esportivas deverão ser concluídas ainda este ano. A conferir.
Texto publicado na edição de 16/5/2011 do jornal Bom Dia Bauru (coluna Papo de Futebol)
Fernando BH
www.canhota10.com
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