De todos os rebaixamentos do Noroeste, penso que esse último foi o que encarei com mais tranqüilidade e naturalidade. Por que será? Já sabia? Acostumei? Fiquei indiferente?
Um pouco de cada coisa, mas talvez o mais sedutor seja uma ponta de saudosismo misturado com nostalgia. Tipo assim uma reação psicológica defensiva contra o sofrimento que tem sido a vida ao lado do Noroeste.
Todo rebaixamento sempre gera uma crise. Se agora também gerou ou poderá gerar, comemoro gostosamente: Ai que delícia de crise.
A Copa Paulista que começa agora em maio terá a magia de nos transportar para o verdadeiro e gostoso Interior. Chega do além Tietê, das grandes equipes. Eu quero mais é o baixo clero, o segundo escalão.
Eu seria até capaz de retomar minhas viagens, de ver os jogos, de respirar um pouco do autêntico futebol interiorano. Das cidades ainda com algumas recordações bucólicas, dos velhos hábitos e trejeitos, dos sotaques, do “R” caipira.
Participar da Segundona então seria o êxtase absoluto. Seria um mergulho profundo nas raízes, na origem desse time guerreiro vermelho e branco, centenário, obcecado, teimoso.
Mas já me contento com a Copinha. O Noroeste está num grupo delicioso, com clubes históricos como o Internacional de Bebedouro, que tem 104 anos, portanto mais velho que o próprio Noroeste.
Ainda tem nosso vizinho, tradicional rival, o XV de Jaú. O Linense, que depois de meio século voltou à elite paulista e conseguiu se segurar. Tem ainda nossa vizinha Santacruzense, que sempre foi um adversário ferrenho nas poucas vezes que cruzou o caminho do Norusca.
Penapolense, Oeste de Itápolis e Rio Preto completam nosso grupo, onde os quatro primeiros passam para a segunda fase.
Não dá para fazer prognósticos, porque não serão os mesmo jogadores que estarão em ação. Há uma limitação de idade e de salários naturalmente. Os melhores jogadores vão para outros clubes e outras competições.
O Noroeste tem que esquecer o rebaixamento. Numa equipe de 100 anos isso não é nada. Faz parte da caminhada. Precisava não repetir erros que estão se tornando clássicos na gestão Damião.
No mais é levantar a cabeça, buscar se reorganizar e retomar a caminhada.