A ditadura dos grandes

Há tempos que a Série A1 do Campeonato Paulista vem se tornando um grande engodo, especialmente para os clubes pequenos do Interior.

Já denunciamos esse fato aqui nesta coluna há algum tempo. O Paulistão se transformou num “Paulistãozinho”. Uma competição de tiro curto que não acrescenta nada às equipes que sobem de divisão com tanto sacrifício e ilusões.
Com certeza nenhuma agremiação interiorana saiu com dividendos e saldo positivo desse verdadeiro Circo com picadeiros de palhaços, alegretes e bobocas.
Vive-se uma verdadeira e vergonhosa elitização do futebol paulista. O campeonatinho só interessa aos grandes clubes. Prova disso é que os quatro grandes estão classificados para as finais.
Os clubes pequenos estão sendo preteridos, tragados por um calendário absurdo e caindo numa armadilha sem precedentes na história do futebol bandeirante.
Hoje apenas dois clubes grandes visitam as cidades e o número reduzido de jogos, a remuneração pífia da Televisão e o desinteresse do público acabam por decretar um resultado financeiro e técnico tremendamente negativo. Se alguém ganha alguma coisa é só empresário.
A grande imprensa faz coro a esta situação. Nunca os clubes pequenos foram tão ignorados pela grande mídia. São citados de passagem e só mesmo quando não tem como evitar.
Trata-se de um conjunto de coletivos de luxo para a preparação dos grandes, visando às competições prioritárias do seu rico e repleto calendário anual.
Vai longe o tempo em que os pequenos tinham vez e voz e não eram apenas figurantes, porque nem coadjuvantes podemos dizer que hoje eles sejam no Paulistão.
Saudades do Clube dos 13, comandado por Alfredo Mitidieri, Cláudio Amantini, Comendador Dabrônzio e tantos outros dirigentes corajosos do Interior, que revolucionaram o futebol paulista, abrindo espaços para os clubes pequenos. Foram campeonatos que ainda tinham clubes pequenos campeões e chegando as finais. Ponte Preta, Internacional de Limeira, Bragantino, Novo Horizontino, Guarani.
O Paulistãozinho não dá dinheiro, não classifica para nada em termos de ranking, não dá prestígio e não dá chance para os pequenos. Alguém tinha alguma dúvida de quais clubes fariam as finais, senão Palmeiras, São Paulo, Santos e Corinthians?
Fico contente e triste ao mesmo tempo, com os acessos já definidos dos tão queridos e tradicionais clubes do Interior: XV de Piracicaba, Comercial de Ribeirão Preto e Guarani. Pergunto: De que adianta tanta luta? Que campeonatinho os espera na tão ilusória e efêmera A1?
Já está na hora de uma rebelião. Não dá mais para ficar servindo de figurante para os grandes treinarem no início de cada ano e não ganhar nada. Só despesa e mão de obra. Os clubes pequenos precisam repensar o futebol paulista.

Por Paulo Sergio Simonetti ( radialista da rádio 94Fm de Bauru)

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