ACABAR COM OS ESTADUAIS RESOLVE O PROBLEMA?

Dois assuntos já esgotaram a paciência, mas repetem-se como as marés e as estações do ano: a adequação do calendário futebolístico brasileiro ao europeu e o fim dos estaduais.
O primeiro sempre volta à tona ali pelo início do Brasileirão e vai rendendo até torrar o saco.
O segundo retorna com precisão suiça sempre ali pela segunda semana de janeiro e vai prosseguindo com aquela irritante regulariedade até começar os estaduais.
Aí esquecem de tudo e só voltam a tocar no assunto na segunda semana de janeiro do próximo ano.
Naturalmente, tenho lido a retórica cansativa de sempre dos que pregam o fim dos estaduais.
Mas interessante que eles descobriram argumentos de última hora.
Segundo li ontem, Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves, Ronaldo Fenômeno e outros não podem se sujeitar a jogar em campos de categoria inferior.
Afinal, são super-estrelas e blá, blá, blá.
Não sei se é prá rir ou para chorar.
Esses caras são brasileiros, nasceram aqui e no começo da carreira devem ter jogado em lugar muito pior.
Ok, ficaram famosos, foram para o exterior, etc.
Mas esse discurso esconde anseios não muito alvissareiros para nosso futebol.
Para ser bem sincero, sempre que leio esse tipo de declaração, automáticamente me lembro do Marcelo Campos Pinto, da Globo, que uma época disse, em alto e bom som, que o futebol brasileiro tinha que se “elitizar”. Alô, perigo à vista, minha gente…
A declaração pegou mal, houve reação de uns, aplausos de outros e o Marcelão deu uma recuada.
Boa parte da mídia segue essa cartilha, esquecendo-se de que o futebol é um esporte que tem na classe baixa e média o maior contingente de consuimidores.
“Elitizar” o futebol, no entender de uns e outros, é torná-lo um biscoito fino, algo inviável para o povão.
Quando marcam os jogos de meio de semana para as 22h, é evidente que o zé que acorda às 05h para pegar o trem não irá ao estádio e talvez nem assista em casa.
Lembrando que, dependendo do jogo, em casa só se ele tiver TV por assinatura e, em alguns casos, algum pacote Premiere não sei das quantas.
Aos famintos que aindam estão batendo palmas em êxtase pela contratação de jogadores a peso de ouro, um lembrete: provavelmente já nesses estadual, os times que investiram alto irão promover aumento substancial dos ingressos.
Isso se chama capitalismo.
Quem não puder ir ao campo, contente-se em filar no gatonet do bar da esquina, enquanto pode.
E ainda tem ingênuo contando as moedas achando que conseguirá ir aos estádios assistir a jogos da Copa em 2014.
Por Washington Fazolato ( Site Esporte Esportivo)


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