Assistindo uma matéria especial da ESPN sobre os estádios de futebol que foram construídos na África do Sul para a Copa do Mundo de 2010, confesso que fiquei muito preocupado.
O Brasil está reformando alguns estádios e construindo outros, com investimentos de bilhões de dólares. Não vou nem entrar no mérito do cronograma de obras. Isso pode ficar para outra oportunidade.
O que assusta é o grande risco que corremos de erguer verdadeiros “elefantes brancos”. Arenas megalomaníacas que depois da Copa serão espectros vazios ou semi-vazios a nos aterrorizar por longo tempo ou até indefinidamente.
Sabemos que o Brasil não é a África do Sul, já que temos grande tradição no futebol e estamos entre os melhores do mundo. No entanto serão erguidos estádios em cidades que não têm potencial, nem clubes capazes de reunir grandes públicos com alguma constância, com regularidade.
A pergunta que fica engasgada é o que vamos fazer com essas obras depois da Copa?
Naturalmente que Maracanã no Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre... São cidades que reúnem plenas condições de comparecer com uma demanda satisfatória, que propicie a manutenção e continuidade de seus estádios.
No entanto outras cidades, como Cuiabá, Manaus, Brasília e mesmo Fortaleza e Recife, não oferecem uma garantia de freqüência constante e significativa, a não ser em grandes jogos.
Nas entrevistas que os repórteres da ESPN realizaram no Programa Especial com dirigentes africanos, ficou claro que é preciso planejar desde já a destinação desses estádios exigidos pela FIFA.
Quais os projetos? Qual o planejamento para a utilização e aproveitamos dos estádios após a Copa? Que recursos serão aportados para sua manutenção? Essas respostas devem começar a surgir o quanto antes e não depois da Copa do Mundo.
Um dos entrevistados, o administrador do estádio principal onde foi a final da Copa na África do Sul disse que essa atitude minimiza em 50 por cento a dificuldade de gerenciar o problema.
Resumindo: Temos que tomar cuidado para não cair na armadilha da empolgação e sermos levados fantasiosamente a erguer arenas sem raciocinar no futuro.
É importante realizar a Copa. Pode ser um grande canal de desenvolvimento para o país, em todos os sentidos. Precisamos, no entanto, ficar atentos a essa experiência africana.
Por Paulo Sergio Simonetti