GALVÃO DE MOURA, DUAS CARTAS, A SAUDADE DO FILHO E DESTE ESCREVINHADOR



Galvao de Moura
Abro o JC de segunda, 30/08 e lá uma grata surpresa. Na Tribuna do Leitor uma carta de um filho reverenciando o pai, era Cacau, Carlos José Galvão de Moura, versando sobre a passagem de mais um aniversário do pai (completaria em 30/08, 72 anos), José Carlos Galvão de Moura, ou simplesmente Galvão de Moura como o chamávamos e ele era anunciado nos programas de rádio que comandou. Ao ler o texto da carta do Cacá, bate uma saudade do rádio esportivo feito antigamente em Bauru e o atual (o que mais ouço hoje é o Rafael Antonio, do Jornada Esportiva), um arremedo. O nome do Galvão está associado a um livro, um que verdadeiramente retrata a vivência do nosso glorioso Noroeste (hoje, 01/09, comemorando seu Centenário – junto do Corinthians), o 
“Onze Camisas Futebol Clube” (ganho dele o texto novo do livro, via e-mail e ouço a intenção da republicação de uma 2ª edição ainda este ano). Anos atrás, quando minha irmã, Helena, tinha uma casa alugada na imobiliária de propriedade do Cacau, a Adlar, indo até lá para saldar uma conta, ele me chamou num canto e me mostrou uma carta minha, escrita a mão, que havia escrito para o Galvão pai. Na época, também escrevi uma carta reverenciando Galvão, enviando-a para o diretor da rádio FM Unesp, professor Antonio Carlos de Jesus e este a manteve fixada num mural da rádio por algum tempo. Numa outra, datada de 14/09/1990, escrevo direto para o Galvão agradecendo-o por manter um programa como o “Conversa de Botequim” no rádio bauruenses. 
Cacau
 Hoje disponibilizo aqui, junto a outra carta, essa para o JC, datada de 19/11/1990, quando soubemos que havia adoecido e afirmei ser ele um lírico. Fiz uma brincadeira com a riqueza possibilitada pelo seu sempre radiante humor diante do microfone. Galvão é daqueles a fazer uma falta danada, não só para os familiares, mas pelo jeito como exercia o trabalho na rádio. Depois dele, o seu “Samba e Bola” e o "Conversa de Botequim", na Auri-Verde tiveram a apresentação do Cacau por um ano e outro da mesma cepa, José Esmeraldi, um que não agüentou o que presenciava por ali, ou seja, os bastidores da Auri-Verde e bateu asas, hoje criando um espaço só seu, na internet. Depois disso os programas morreram, permanecendo no imaginário daqueles que viam ali a certeza de que o domingo sempre era muito mais alegre antes dos jogos com programas naquele estilo no ar. Galvão é tudo isso que o Cacá escreveu e um pouco mais. Assino embaixo. Hoje é o centenário do querido Noroeste, mas resolvo não escrever nada sobre o que acontece lá pelos lados do Alfredão. Sou mais a história vivenciada por Galvão, do que muito do que miseravelmente está sendo esquecido pelos detentores da caneta do time (clube deixou de existir faz um tempo) nos tempos atuais. Mas eu continuo gostando demais do "vermelhinho", ou melhor, da "locomotiva vermelha".

AO MESTRE, COM SAUDADE! – Publicado na Tribuna leitor JC, 30/08/2010
Hoje, 30 de agosto, aniversário do Galvão, “José Carlos Galvão de Mouraaaaa”, parece até que estou ouvindo a vinheta da Auri-Verde e mais um “Samba e Bola” está começando em outro domingo. E quanta saudade... Meu Pai foi um homem maravilhoso, que viveu a vida em sua plenitude, intensamente sob todos os aspectos. Curtia como ninguém os grandes e os pequenos momentos e se entregava de corpo e alma a tudo aquilo que fazia.

O Galvão, cuidando de seus passarinhos e conversando com cada um deles com extremo carinho, o ferroviário aposentado e triste com a visão daquele que participou da ferrovia dos áureos tempos e via sua degradação absurda, o noroestino apaixonado, era todo coração, o samba cantado por Noite Ilustrada que fazia parte do som que se ouvia em casa quase todos os dias, suas pescarias, seus amigos, a vida deveria ser vivida e encarada da mesma forma que ele, com imenso prazer.

O rádio, esse veículo maravilhoso e apai-xonante, me deu a oportunidade única de poder estar mais perto de meu Pai, de alguma forma mantendo vivo seu nome na lembrança daqueles que o conheceram e o acompanharam. Das heranças que me deixou, o valor da amizade verdadeira e retidão de caráter certamente são as mais valiosas. Pena que o tempo nos foi tão pouco, mas é certo que um dia nos encontraremos novamente. “Eu sei que você sabe, já que a vida quis assim, a distância não existe e todo grande amor, só é bem grande se for triste”. Sigo meu caminho pedindo a Deus que um dia consiga conquistar de meus filhos a metade do amor que sinto por você, seria realmente uma grande vitória. Parabéns, meu Pai, que saudade!
Carlos José Galvão de Moura - Cacau

Por: Henrique Perazzi Aquino ( diretamente do Mafuá do HPA)






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