MEMÓRIA DA BOLA




A TRAGÉDIA DE 1950

Ainda na ante-sala da Revolução Industrial, o Brasil via na Copa do Mundo de 1950 a oportunidade de mostrar-se ao mundo, ou quem sabe, de inserir-se nele com brilho e competência.
Que melhor vitrine do que o  Maracanã, maior estádio do mundo, construído especialmente para a ocasião? Um palco portentoso, para uma orquestra de gênios, no dizer do locutor-compositor Ary Barroso: Danilo lembrava Chopin, Jair era Wagner, Zizinho um Mozart...
Favorito disparado para nove entre dez jornalistas estrangeiros, e precisando apenas de um empate, naquele 16 de julho de 1950 decidindo com o Uruguai, o Brasil vencia por 1 x 0 até o 21º  minuto do segundo tempo.
Em 13 minutos, o Uruguai virou e pôs o mundo de ponta cabeça, 2 x 1, o gol da vitória marcado pelo ponta Gighia, como mostra a foto.


BARBOSA E A MALDIÇÃO

Em qualquer país do mundo aquele seria um momento fugaz, algo como um porre, seguido de uma ressaca, na sequência a vida continua.
Mas, naquele Brasil em busca de afirmação, a derrota para o Uruguai foi encarada como uma espécie de revez da nacionalidade.
Durante dias, meses, e anos, para muitos a perda do título pairou como maldição. Jair e Zizinho, dois craques que beiravam a genialidade, nunca mais seriam chamados para uma Copa do Mundo.
O lateral esquerdo Bigode e o grande goleiro Moacir Barbosa, a cada 16 de julho eram procurados por repórteres "para explicarem a falha no gol da vitória uruguaia marcado por Gighia."
Nem mesmo o passar dos anos e a mudança de mentalidade, enterrando fantasmas e mitos, livraram Barbosa de interlocutores eventualmente obtusos, como por exemplo o técnico Zagalo, que na concentração de Teresópolis em 1994, proibiu-lhe uma foto conjunta com o goleiro da seleção, Taffarel. Por que? Segundo Zagalo, para  livrar o Taffarel da maldição do 16 de julho encarnada pelo Barbosa...

João F. Tidei de Lima/ Historiador

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