Romarinho tenta se desligar do clube através da Justiça |
O meia Romário, 18 anos, é considerado uma das principais
revelações do Noroeste nos últimos anos. Ontem, o jogador não treinou, e a
tendência é que nem retorne mais ao clube. O JC obteve a informação de que o
atleta conseguiu seu desligamento do Noroeste, via judicial, pelo fato do
Alvirrubro não ter quitado o Fundo de Garantia (FGTS) do atleta nos últimos
meses, apurou a reportagem. O contrato de Romarinho vai até 2015.
A maioria do elenco possui vínculo até o final do ano,
exceto o lateral-direito Mizael e os atletas que vieram a Bauru por empréstimo,
casos de Bruno, Marcel e Paulo Henrique (que vieram do São Paulo) e Luís
Gustavo e Berg (emprestados pelo Desportivo Brasil). Estes tem contrato até
maio.
No começo do ano, 60% dos direitos econômicos do jogador
foram adquiridos pelos empresários Emílio Brumati e Rafael Padilha. Outros 30%
pertencem a um empresário de Ribeirão Preto e 10% ao Noroeste, que agora
deverão passar para o meia. Brumati disse que ainda não foi procurado por
Romário, mas confirmou o imbróglio.
“Ele (Romário) procurou um advogado, entrou com uma ação e
está conseguindo os 10% que eram do Noroeste. Vamos ver se amanhã (hoje) ele
vai treinar, mas ele não deverá mais ter vínculo com o clube. O jogador ainda
não me procurou, o que eu sei é que como o Noroeste não recolheu o Fundo de
Garantia, ele ficou com os 10% que era do clube”, pontua o empresário.
O JC teve ainda acesso a um documento em que o ex-diretor
jurídico Thiago Rino, quando ainda estava no cargo, solicitou ao Departamento Financeiro
a relação de guias de impostos e contribuições devidas pelo clube, como INSS e
FGTS da folha salarial, e que caso houvesse algum montante a ser recolhido,
fosse “imediatamente aproveitado da quantia a ser percebida pela venda do
atleta França (Hannover/Alemanha) ou da cota da CBF pelo jogo contra o Criciúma
pela Copa do Brasil”, dizia o ofício, dirigido ao Departamento Financeiro do
Noroeste.
O documento é do dia 26 de março de 2013, e está assinado
por Thiago Rino e pelo presidente Anis Buzalaf Jr, além do funcionário
responsável pelo setor.
Presidente garante pagamento
Por outro lado, o presidente Anis Buzalaf Jr. garantiu que
todas as guias foram recolhidas ontem. “Os tributos dele (Romário) estão pagos.
Posso mostrar isso amanhã (hoje)”, afirma o presidente. “Eu não sei como se
daria isso na Justiça Trabalhista, mas acho que isso nunca ocorreu aqui no
clube. Mas para mim isso é mais uma armação do meu ex-vice e do meu ex-diretor
jurídico”, disse Buzalaf, que na última semana travou uma verdadeira “batalha
verbal” via imprensa contra os irmãos Filipe e Thiago Rino, que ocupavam os
respectivos cargos. Ambos se desligaram do clube no começo da semana.
“Até ontem (quarta-feira) a gente não tinha dinheiro para
pagar, mas hoje (ontem) conseguimos quitar isso”, declara. O valor relativo à
transação do volante França para o Hannover chegou ontem ao Noroeste, mas o
presidente do clube preferiu não revelar o valor exato. Extraoficialmente,
sabe-se que o Norusca recebeu cerca de R$ 70 mil, como clube formador do
atleta. Na próxima semana, o Norusca aguarda a cota de participação na primeira
fase da Copa do Brasil – cerca de R$ 130 mil. Caso avance, deverá receber outra
cota, de igual valor.
Reunião hoje
O Conselho Deliberativo do Noroeste se reúne hoje, a partir
das 18h30, na sede do clube. Apenas os conselheiros deverão ter acesso à
reunião, de acordo com o presidente do órgão, Toninho Rodrigues. O principal
assunto deve ser as substituições do ex-vice-presidente Filipe Rino e do
ex-diretor jurídico Thiago Rino.
“Amanhã (hoje) estarei na reunião do Conselho, falaram que
os Rino tem um ‘dossiê’ contra mim. Mas estou tranquilo”, garante Buzalaf.
Filipe e Thiago Rino não confirmaram presença no encontro.
Clube fica no prejuízo
O Noroeste ficou no prejuízo com a fraca bilheteria do jogo
diante do Criciúma, anteontem, no Estádio Alfredo de Castilho. Foram apenas 548
pagantes, gerando uma renda total de R$ 8.070,00. Porém, as despesas para a
realização da partida foram de R$ 14.972,31, sendo a maior delas com a
arbitragem: R$ 6.042,10, pagos em cheque, conforme consta na súmula no site da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
No total, o Noroeste teve que desembolsar R$ 6.902,31 para
realizar o jogo – a diferença entre a despesa total da partida e o que foi
arrecadado na bilheteria - segundo consta no borderô do jogo.
O regulamento da competição prevê que os clubes receberão 23
passagens aéreas para viagens acima de 500 km – caso do Noroeste para a partida
de volta, em Criciúma, no dia 17 de abril. A CBF ainda repassa mais R$ 5 mil,
para despesas com hospedagem e alimentação para os clubes visitantes em cada
jogo.
Após o empate em 0 a 0 com o Criciúma, o elenco treinou
ontem e foi liberado, retornando na segunda-feira. O técnico Luciano Sato terá
oito dias de treino para definir a equipe, que deve embarcar para Santa
Catarina no dia 15.
Thiago Navarro/ Jornal da Cidade