Em 1957, o Noroeste caiu de 4 no Pacaembu |
Amargo Regresso, é o nome de um belo filme de Hal Ashby, com
Jane Fonda e John Voight. Critica a invasão e a matança norte-americana no
Vietnã. O meu Amargo Regresso foi de outro tipo. Em vez de bala, bola. E como
pano de fundo a saudosa ferrovia.
Ano de 1957, torneio de classificação entre os 19 clubes da
Primeirona para escolher os "dez mais" do Paulistão daquele ano. O
nosso Noroeste, entrando em campo com várias formações. Uma delas, a da foto:
em pé, a partir da esquerda, Gaspar,
Diogenes, Pierre, Fernando, Pedro, Julião, e o massagista Romeu; agachados,
Valeriano, Marinho, Wilson, Berto e Ismar. Última vaga em disputa no Pacaembu:
o Norusca contra o Botafogo, de Ribeirão Preto. Mais de mil torcedores, eu
incluído, viajando pelo trem rápido da
Companhia Paulista, um primor de conforto e segurança.
Aos 18 segundos de jogo, o ponta Ismar cobrou uma falta e fez
Noroeste 1 a 0.Começamos a comemorar a classificação. De repente, e
estranhamente, o Norusca travou e o Botafogo deslanchou, fazendo 4 a 1. Entre
nós, torcedores, perplexidade, inconformismo, indignação e revolta. Na cabine
de rádio, o saudoso locutor José Fernando do Amaral, da PRG-8 Bauru Rádio
Clube, reagiu abandonando a transmissão, entregou o microfone ao plantonista Sylvio Carlos Simonetti, o
Syca, ao seu lado, para a conclusão da narração e dos trabalhos.
Em clima de velório, a nossa massa torcedora chegou à
Estação da Luz, para o retorno. Uma grande ansiedade, pressa de chegar logo à Bauru e superar a frustração.
Mas, o velório, ironicamente, se
estenderia. Ao trem regular da Paulista estava engatado um carro fúnebre. O
morto, percebemos na hora, devia ser
gente influente e de família numerosa,
porque em cada parada, pessoas subiam, e em luto fechado, atravessavam
os vagões, misturando choro e vozerio.
Só na majestosa estação de Bauru, em plena madrugada, o fim
do amargo regresso...
Antes da decisão em São Paulo, o desembarque na estação de Jaú. |
ANTECEDENTES
Até chegar para decidir a última vaga com o Botafogo em São
Paulo, o Noroeste, após um início desastroso na fase de classificação, teve uma
reação espetacular. Com gols salvadores, quase sempre nos últimos minutos, e do
zagueiro central, o saudoso Pierre.
Lembro de um deles, em Jaú, contra o XV de Aracito, Guanxuma & Cia. no velho estádio Arthur Simões, quinhentos
noroestinos presentes. Viagem pelo trem da Paulista, desembarque na histórica
estação inaugurada em 1941 e restaurada em 2002, como mostra a foto.
Em campo, o Norusca sempre em desvantagem, até o gol de
empate, a minutos do final. De cabeça, o guerreiro Pierre fez 3 a 3!
João F. Tidei de Lima/ Historiador