“Eu era o menino de ouro, o craque favorito da torcida bauruense.” Assim, Agostinho Zeola, ou simplesmente Zeola, como ficou gravado seu nome na história do Noroeste lembra os dias em que brilhou com a camisa alvirrubra, tendo seu momento culminante defendendo o Norusca na partida diante do Marília, que valeu o acesso, o primeiro do clube bauruense, à primeira divisão no dia 23 de maio de 1954. A tarde foi perfeita para o então garoto Zeola, que tinha 18 anos, marcou os dois gols sobre o arquirrival e se tornou o herói da conquista. “Este foi o meu principal jogo pelo Noroeste. A gente era menino, tudo era alegria, tudo era bonito e bom”, recorda.
Zeola
descreve os lances de seus gols contra o Marília, que ratificaram o acesso
alvirrubro, em um hexagonal, que teve ainda o América, Paulista, Ferroviária e
Bragantino. “No primeiro gol, o Colombo foi à linha de fundo, cruzou e eu, na
entrada da grande área, peguei de bate-pronto e a bola entrou lá em cima. No
segundo, o Luiz Marini cruzou do outro lado e a mesma coisa. Antecipei a zaga e
fiz os dois gols. Foi memorável este jogo”, relata. “Marquei os dois gols e,
depois, teve aquela festança. Fomos para o Bar Cristal, onde, naquela época,
era o foco. Descemos a pé para o Bar Cristal e a festa varou a noite”, relembra
Zeola.
Em um clube recheado de craques, coube ao jovem Zeola, bauruense, identificado com a cidade, a torcida e o clube, ser o homem decisivo. Zeola considera que o jogo foi fundamental para projetá-lo na carreira. “Você nem imagina a euforia, a satisfação, principalmente fazendo os gols. Eu, de Bauru, fazendo os dois gols. Todos os jogadores eram de fora, o único de Bauru era eu. Para a torcida, foi uma alegria imensa e, para mim, foi maravilhoso. Foi onde minha carreira engrenou. Foi o início de minha carreira”, aponta.
Zeola conta
que o clima para a partida era influenciado pelos incidentes do jogo de ida, em
Marília, quando houve confusão. “O ambiente era favorável ao Noroeste. No jogo
de ida, teve briga lá, incendiaram o campo, queimaram o juiz e vieram com medo
aqui. Não houve nada, ninguém pôs a mão em ninguém, ganhamos o jogo na bola, na
boa, jogando futebol”, destaca. O artilheiro do acesso faz questão de exaltar a
qualidade dos companheiros de equipe. “O time do Noroeste era bom. Modéstia à
parte, acho que foi um dos melhores times que o Noroeste teve”, elogia. “O
Ranulfo e Nélson Faria faziam o time andar. Andar não, correr”, brinca.
Após marcar
os gols do acesso, Zeola não disputou a última partida do hexagonal final,
contra o Bragantino, porque seguiu para a Capital como reforço do São Paulo. No
Tricolor, Zeola permaneceu por dois meses, onde jogou um Torneio Rio-São Paulo.
Após isso, voltou para o Noroeste e foi para o Juventus. Dali, seguiu para a
Itália para atuar no Napoli por mais de um ano. Terminado o contrato com o time
italiano, retornou à Mooca, onde ficou um ano. De lá, transferiu-se para o
Palmeiras, que defendeu por dois anos, antes de ser contratado pelo
Independiente, da Argentina, equipe pela qual disputou a Libertadores de 1964.
Trajetória
Da esquerda
para a direita, em pé:Nelson Faria, Mingão, Amaro, Sidney, Zulu e Vila.
Abaixados:Colombo, Zeola, Brotero, Ranulfo e Luiz Marini
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O Noroeste
se classificou para a segunda e última fase do torneio com 15 pontos, em
primeiro, seguido pelo Marília, com 12 – na época, a vitória valia dois pontos.
A fase final contava com os dois melhores times de cada um dos três grupos
(módulo Azul, Verde e Amarelo – as cores da Bandeira Nacional), no caso,
Noroeste, Marília, América, Bragantino, Paulista e Ferroviária, e o regulamento
era o mesmo: todos jogavam entre si em turno e returno, só que desta vez,
apenas o primeiro colocado garantia vaga para o estadual de elite na temporada
seguinte.
Morte na
concentração
Wagner Teodoro/
Jornal da Cidade