CRÔNICA NOROESTINA DE SÁBADO À NOITE E SEUS DESDOBRAMENTOS – 1x0 NO SÃO BERNARDO, FABIANA E DR. BEER


Nosso time, o glorioso e centenário Esporte Clube Noroeste passou pela primeira fase do campeonato da 2º Divisão do Paulistão e inicia nesse momento o octogonal, dividido em dois grupos. Os dois primeiros de cada um já sobem direto para a Primeirona do próximo ano. Começo de campeonato auspicioso, empolgante, jogos a encher o torcedor de esperança e no final, os quatro últimos jogos de muito lamento, time desencontrado, batendo cabeça, recuado, medroso e deficiente. Torcida toda com os dedos mais do que cruzados. Encontro o técnico Amauri Knevitz no portão do prédio onde mora e lhe disse dois dias antes do jogo: “No começo do campeonato tive vontade de te abraçar, elogios mil, mas no final, queria te chutar a canela, cheio de críticas”. Sua resposta: “A queda foi natural, mas agora nessa outra fase começa outro campeonato. Acredite que o time será outro”. Quis acreditar e assim como os três mil torcedores presentes ao campo, foi dessa forma que estive ontem no Alfredo de Castilho, sábado, 19h.

Percebo mais gente nesse ano que em muitos outros campeonatos. A legião, que até pouco tempo era de uns mil torcedores está crescendo. Ontem foi um dia de boas trombadas, revendo gente que não via de há muito no estádio. Procurei chegar cedo, pois como rotina, todos chegam juntos, quase na hora do jogo e filas enormes se formam do lado de fora. Enfrentei uma delas, paguei meu ingresso como professor (R$ 5 reais, uma bagatela, confesso) e fui para o lado do eucaliptos. Sou Sangue Rubro, mas não sento na muvuca, gosto do batuque, dos colegas todos, mas ainda prefiro ficar ao lado, primeiro para conseguir ouvir o rádio, que continua sintonizado na Jornada Esportiva, com Rafael Antonio e Jota Martins (no carro vim e voltei ouvindo a Auri Verde, com comentários de Marco Antonio, nosso antigo zagueirão).

Apreensão era a palavra mais escutada. E dessa forma passados os sufocos todos de um primeiro tempo, onde o São Bernardo parecia estar no seu estádio, sofremos um contínuo aperto, mas o time soube segurar as pontas. Cheguei a criticar o estilo de jogo, mas depois quando tem início o segundo tempo, percebi outro time, mais ousado e chegando a tomar as rédeas da partida. Foi um jogo gostoso de assistir, desses que não se tem tempo nem para a fugidinha para o xixi. O refresco veio com o gol do zagueiro Thiago Junior e quando achava que o time recuaria, fez o inverso, cresceu e propiciou momentos de alegria para todos. Dedos cruzados até o final, vencemos a primeira.

Minha homenagem é para uma pessoa que não assiste ao jogo, mas toda partida fica do lado de fora a cuidar dos carros dos torcedores. Deixo o meu na rua bem defronte o estádio, quase 100 metros do portão principal e sempre lá uma negra retinta, idade indefinida, desgastada pela vivência dura das ruas, vozeirão de impressionar, sempre alegre, falante e mesmo na adversidade, nunca a demonstrar tristeza. Uma das tantas invisíveis dessa cidade, que acabou por ser percebida e respeitada por parcela dos torcedores. Ganhou a confiança de todos e todo jogo está lá a nos garantir a integridade do meio de locomoção. Seu nome, descobri ontem, FABIANA, uma que alguns lhe trazem guloseimas do campo, como pipoca, amendoim, lanche, etc. Ela pela presença marcante, sempre incentivando o torcedor e querendo saber detalhes das partidas que nunca assiste.

Depois do jogo, dei uma passada na sede da Sangue, pois a Ana queria presentear com uma camisa um tio do Rio de Janeiro. Pavanello nos disse que tinha até antes do jogo umas quinze, meio que encalhadas, mas que no começo dessa nova fase, foram todas vendidas. Estoque zerado. Vou com ela conhecer e terminar a noite em uma nova casa ali pertinho, final da avenida Elias Miguel Maluf e adentro o DR. BEER, envergando o vermelho noroestino, fardamento que só tirei para dormir. Lugar dos mais agradáveis, outra possibilidade de reencontros com gente conhecida da cidade, comida honesta, visual bonito, cheio de ídolos do rock a ornamentar suas paredes, encontramos um lugar mais do que especial, bem defronte o músico MARCOS FÉLIX, que só tocou clássicos da verdadeira MPB. Atendeu pedidos, cantou e encantou, tudo de memória, sem aquela viração de páginas e mais páginas com as letras impressas. Já o conhecia do Aldeia Bar, mas o que presenciei ali mereceu ser gravado e o fiz com “Incompatibilidade de Gênios”, de Bosco e Blanc, que ele tocou e cantou muito bem, mesmo com todo o burburinho proveniente de um botequim lotado. A incompatibilidade ficou por conta do desacerto até então apresentado pelo time, que pelo menos ontem, demonstrou certa compatibilidade e todos fomos curtir um final de semana mais alegres.


Henrique Perazzi Aquino, diretamente do Máfua do HPA

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