“Hoje em
dia, não tem mais preconceito. O pessoal viu que o futebol serve para mulher
também. Hoje em dia, cresceu bastante. A gente vê mais meninas praticando o
esporte.”
Quem lê a
frase acima pode pensar que o autor dela não conhece nada do futebol feminino,
mas vai se enganar feio. A dona da frase é a meia Karine Dias, 27, uma das
jogadoras mais experientes que treinam a modalidade aqui em Bauru. E ela fala
do alto de seus 15 anos de treinamento na cidade. Nesse tempo, passou por todos os
perrengues para realizar o sonho de jogar futebol.
Realmente
as coisas melhoraram para as meninas jogadoras de futebol aqui, em Bauru. Tanto
que ela é apenas mais uma entre as cerca de 25 meninas que treinam com o técnico
Billy Tibiriçá na escola Ernesto Monte.
Ainda
faltam torneios para competirem, mas aí entra o velho jeitinho brasileiro.
Todas as meninas treinam futebol de campo e futebol de salão e competem nas
duas modalidades.
Elas
representam Bauru nos Jogos Regionais e Jogos Abertos no campo, e jogam pela
cidade na Copa TV TEM de Futsal. O torneio, aliás, será o primeiro desta
temporada e começa no próximo dia 16.
O grande
objetivo do ano para as meninas é, sem dúvida, a conquista dos Jogos Regionais
e a disputa dos Jogos Abertos, que serão realizados em Bauru, em novembro. No
ano passado a equipe surpreendeu e conquistou o título dos Regionais, mas
perdeu a medalha no tapetão por escalar uma jogadora irregular. “Já estou dois
anos treinando aqui, com as atletas. No ano passado, quase deu nos Jogos
Regionais, mas neste ano não escapa. Vamos vencer e também trazer a medalha”,
brincou a atacante Regiane Lima, uma das mais novas, com apenas 16 anos.
Ela ainda
representa bem a dificuldade que muitas meninas sofrem em Bauru. Bauruense do
bairro Parque das Nações, Regiane vai a pé para os treinamentos no Ernesto
Monte. São 30 minutos de caminhada, “o que já serve de aquecimento”, brinca.
De mais
longe veio a volante Jenifer Alves, 20. Ela é natural do Rio de Janeiro e,
pasmem, saiu da capital fluminense e veio até Bauru justamente para procurar
mais oportunidades na modalidade.
“Estou há
um ano aqui, em Bauru. Para a prática de esporte em São Paulo é bem melhor. Tem times mais
competitivos. O Rio de Janeiro não valoriza muito o futebol feminino”, comentou
a atleta, que viu a sua cidade adotiva ganhar um time na modalidade.
Gustavo Longo/ Bom Dia Bauru