Saudades da boa e velha Segundona


No início dos anos 50 o Noroeste rompia os grilhões do segundo escalão do futebol paulista e em 1953 conseguia orgulhosamente um lugar entre as grandes equipes na elite de São Paulo.
Quem acompanhou sabe o quanto custou segurar esse espaço até o primeiro rebaixamento em 1966. Foram 13 anos no patamar mais importante. Daí em diante foi um sobe-desce impressionante. O Noroeste chegou a cair para a Série A3.
Com a implantação de uma administração profissional, ao estilo futebol-empresa, acreditávamos que sob o comando do empresário Damião Garcia haveria finalmente um respiro e uma sequência mais longa. Infelizmente não tem sido. Ainda bem que o clube caiu em 2009 e voltou em 2010. No entanto pode cair novamente em 2011.
Fica difícil para qualquer agremiação manter uma torcida expressiva e participativa, com um desempenho tão irregular. Não há marketing que segure essa onda.
Tínhamos a ilusão que um Noroeste organizado, com salários em dia, sem ações trabalhistas, pagando seus fornecedores, estruturado em todos os aspectos teria vida mais fácil no Paulistão, na Série A1. Engano. Não tem adiantado nada disso.
Certamente muitos erros na estratégia de contratações e de gestão devem ocorrer para que o resultado não seja aquele esperado. Reconhecemos a dificuldade e o equilíbrio de forças hoje no futebol, mas não é absurdo esperar resultados melhores, pelo menos não correr o eterno risco do rebaixamento.
Neste momento bate muita saudade daquela boa e velha Segundona. Falo daquela Segundona para valer, com mais de 60 clubes, reunindo todas as equipes que não estavam na Primeira Divisão. Era jogo lá e jogo cá. Um contra todos.
Era uma delícia. O Noroeste ganhava entre 60 a 70 por cento dos seus jogos. Perder mesmo era muito difícil. Tratava-se de um campeonato de ano inteiro e visitávamos pequenas e bucólicas cidades, como Mococa, São João da Boa Vista, Orlândia, Jaboticabal, Andradina e tantas outras.
O Noroeste era bicho-papão, um dos grandes da competição. Aqui em Bauru era uma festa. A torcida vibrava, quantas goleadas, quantas vitórias. Hoje não tem mais. É só pedreira, decepções e frustrações. O público era superior em média ao de hoje.
Sei que são outros tempos e a Televisão esvazia os estádios, mas que dá saudade dá. Como o Noroeste não consegue evoluir, limitando-se a receber dois grandes apenas por mini Paulistão e não constrói um ranqueamento que justifique tanto dinheiro e esforço, sinceramente prefiro a boa e velha Segundona. Afinal de que vale purgar um eterno sofrimento num Paulistão sem graça?
As uvas estão verdes?... Pode ser...

Por Paulo Sergio Simonetti ( Jornalista da radio 94fm)

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