Virtudes e defeitos da Seleção


Apesar de ter realizado até agora apenas duas partidas já dá para visualizar as virtudes e os defeitos da seleção brasileira, comandada pelo técnico Dunga.

Especialmente depois da vitória contra a Costa do Marfim já fica claro que, felizmente, as virtudes são em maior número do que os defeitos.

Primeiramente destacamos que a opção de Dunga pelo grupo, preferenciando a união dos jogadores em detrimento a outras eventuais qualidades, parece ter funcionado.

Essa seria uma primeira e importante virtude. A equipe mostrou muita garra, segurança, solidariedade e determinação em busca do resultado. O espírito de luta já deixa as seleções de Copas passadas quilômetros de distância.

Como consequência disso vem a segunda virtude: a pegada,a marcação implacável. O jogador brasileiro está lutando muito pelo sucesso em cada jogada, pela posse de bola, pela cobertura de seu companheiro.

O preparo físico foi outro ponto alto. É a terceira virtude. Quem diria? Geralmente não é nosso forte. Até jogadores que não chegaram em plenas condições à Copa, desgastados pelas competições européias estão dando conta do recado. O time vem correndo muito e correspondendo plenamente no item condicionamento físico.

Outra virtude flagrante é a harmonização entre o desempenho técnico e tático. Colocar um meio campo pegador, com Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano tinha tudo para desandar a qualidade técnica e prejudicar o passe. Isso não aconteceu. O meio campo marcou, passou e ainda fez gol.

Individualmente também estamos tendo surpresas agradáveis. Kaká cresceu muito, Luiz Fabiano encontrou o caminho das redes e outros jogadores, ainda inseguros subiram de produção. Falta só o Michel Bastos se encontrar.

Fecharia as virtudes brasileiras com a finalização. Dois jogos e cinco gols. Não precisa dizer mais nada.

Quanto aos defeitos da seleção brasileira gostaria de começar pelo banco. Dunga e a comissão técnica trabalham bem com a bola parada, antes dos jogos e no intervalo. Mas com a bola rolando é um desastre.

Ainda que Dunga não consiga ver o jogo e agir simultaneamente, não podemos perdoar seu auxiliar Jorginho. Afinal ele está lá fazendo exatamente o que? Digo isso especialmente no episódio da expulsão do Kaká.

Todo mundo sabia que ele acabaria sendo expulso. Dunga e Jorginho não. Tinha que substituí-lo imediatamente, Kaká estava cheio de levar pancada e estava na cara que ia perder a calma.

O outro defeito está dentro de campo. Toda vez que o time está vencendo com maior tranqüilidade ocorre um descuido, Um relaxamento fatal e o Brasil toma o gol.

Foi assim contra a Korea do Norte quando estava 2 x 0 apara o Brasil e contra a Costa do Marfim, quando o Brasil ganhava por 3 x 0. Duas vaciladas bobas e dois gols. É preciso corrigir esse defeito.

Para fechar registro uma situação que oscila entre virtude e defeito: o toque de bola. Há momentos em que é perfeito, fantástico até, como no segundo tempo contra Costa do Marfim. Em outros momentos passa insegurança e é imperfeito.

Talvez possa ser o momento de cada jogo, mas pode ser aperfeiçoado e Dunga deve insistir na busca de uma qualidade permanente no toque de bola. É meio caminho para resultados positivos.
Por: Paulo Sergio Simonetti




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