Relato do jogo do Norusca contra o Rio Preto diretamente do Mafuá do Henrique
Noroeste X Rio Preto, Bauru, Alfredão, sábado, 13/03, 19h e lá vou eu para mais um jogo, esse na 16ª rodada do Campeonato Paulista da 2ª Divisão (depois dessa faltam só três para encerrar fase classificatória). Dos oito jogos em Bauru perdi um, contra o Linense, por absoluta incompatibilidade de compromissos.
Nesse vou só, mas lá no estádio, quem está acostumado a ir aos jogos nunca se sente só. Dentre os pouco mais de 1.600 pessoas presentes, uma legião de velhos conhecidos, muitos estiveram em todos os jogos e até definir um lugar são paradas e paradas, muita conversa e a esperança coletiva, “ganhamos hoje”.
Logo na entrada dou de cara com o Bruno e seu pai, noroestinos descontentes com a atual administração, mas nem por isso conseguindo ficar em casa. Na mudança de lado, para ficar atrás do gol do adversário ele me fala sobre uma preocupação. “Agora a Prefeitura, na pessoa do Secretário de Esportes Batata está assumindo a Panela de Pressão e as categorias de base do clube. Tudo bem, mas se algum garoto for revelado, quem irá ganhar com isso? Tem que ser só o clube e ninguém da Prefeitura ter participação nesse negócio”, alerta.
A conversa renderia, mas o jogo estava rolando e logo adiante, Chico Cardoso, o artesão do Gasparini. Fico ao seu lado o primeiro tempo inteiro e sofremos com o empate e algo esperançoso de sua parte: “É sempre assim. Começamos bem, decaímos, passamos a jogar mal no primeiro tempo, o técnico acerta o time no intervalo e vamos ganhar no segundo”.
Quem dá uma parada nos lanches e vem até nosso lado é o Uau-Uau, lancheiro e torcedor fanático. Fica até não mais poder e sai pouco antes do juiz apitar, voando para vender seus lanches. Viramos com 1 x 1, com um quase gol de bicicleta do artilheiro do time, o Sassá Zé Carlos Mutema e sofremos um gol deles, de voleio, pegando de primeira. Ambos belos gols.
Vou abraçar o pessoal da Sangue Rubro, revejo a irmã do Pavanelo e uma amiga, ambas trajadas com o uniforme vermelho. Dou a volta e vou parando pelo caminho (é praxe torcer atrás do gol do adversário). Numa roda, só ferroviários e fisionomias intranqüilas. O jogo recomeça e todos indistintamente pegam desbragadamente no pé de um bandeirinha mignon, que demora para sinalizar as jogadas. Quando anula um gol do Sassá, ouve poucas e boas.
Fico ao lado de Chico, Geraldão, o maquinista da Maria Fumaça e Elias, instrutor do Senai em Lençóis Paulista. Sofremos juntos e pouco a pouco, a profecia do Chico vai se consolidando. Com um jogador expulso, o Rio Preto perde força e fazemos o segundo. Periquito chega com uma turma barulhenta, parentes e vizinhos e não esconde sua mágoa com a Auri-Verde (que continua ouvindo): “Eles estão demais, passaram dos limites. Agora não escondem mais torcer contra o Noroeste. Já falei para eles, que os únicos a perder são eles mesmos. Torcem para que não façamos gol nenhum e dá-lhe pau, tudo é motivo para cacetadas. Encheu”.
Só paramos o falatório quando sofremos um pênalti e logo a seguir reclamações mil pelo terceiro amarelo do Sassá, que não joga a partida seguinte. E vou te falar, nem fizemos muita festa com o gol, diante da sentida perda do centroavante. O restante do jogo passou rápido e um ao meu lado acabou por profetizar: “Igualzinho ao jogo do Rio Preto, quando rolava um 1x1 morno, eles tiveram um expulso e fizemos mais dois”. Outro foi na veia: "O Sassá está reclamando de tudo. A bola não chega e ele esbraveja, tá se achando o dono do time. Perigoso isso, não? Estrelismo". Isso mesmo.
Na saída, vou papeando com César, homem da Saúde municipal e pai do comentarista Diogo Carvalho, da novíssima rádio, a “Jornada Esportiva”. “Ouvindo o filhão, hem?”, lhe digo. “Isso mesmo, acompanho eles e acho que estão revolucionando o conceito de rádio na cidade. Uma pena que só ouço no radinho aqui dentro do estádio. Saio na rua o sinal some e só volto a ouvi-los no computador lá em casa”, conclui.Trocamos um aperto de mão, pois como muitos, estamos em nova sintonia e mais noroestinos que nunca.
Ligo rádio do carro na Auri-Verde e não agüento um comentarista criticando a vitória, desligo e coloco música. Contra os desmandos, clamando por um novo momento, com sensibilidade no trato com os torcedores, mas não deixando de vibrar e de abrir mão de uma noite de sábado pro causa dessa paixão, volto para casa com a alma lavada (Jota Martins, diz e confirmo que me estraga mais o dia uma derrota do Noroeste do que a do time grande). Epa, pêra lá, o jogo acaba perto das 21h, ganhamos a contenda e a noite estava só começando. Mais alegres e recarregados, caio nela.
Por: Henrique Perazzi Aquino (Mafua do HPA)