O Noroeste sempre foi um clube conhecido por revelar jogadores. Os garotos de Bauru e alguns que aqui chegaram ainda meninos foram trabalhados com dedicação e idealismo e muitos jogaram no time principal.
Sabemos que os tempos mudaram e hoje vivemos uma realidade diferente, mas muitas equipes continuam ainda produzindo muitos jogadores nas modalidades de baixo, para subsidiar a equipe profissional.
O Noroeste nunca tem uma base para enfrentar os campeonatos da temporada. Sempre precisa contratar um time inteiro, todo um plantel com reservas e tudo, para dar conta das próximas competições.
Essa sistemática é extremamente dispendiosa e com muitas desvantagens. Os atletas são mercenários, trazidos por empresários. Não têm aquele compromisso com a cidade e quando a competição está na reta final, eles já estão acertando seus ingressos, via empresários, com outras equipes.
Isso normalmente esvazia o time em momentos decisivos, importantes dos campeonatos, o que já pudemos testemunhar aqui no Noroeste mais de uma vez.
Há mais de 20 anos que o Noroeste não revela ninguém. Eu diria que desde o surgimento do lateral direito Edinho, o meia Fenê, o atacante Pato, o goleiro Sílvio Luiz, os zagueiros Campagnollo e Cozin, e alguns outros, isso lá pelos idos de 83/84, que não apareceu mais nenhum garoto de Bauru que tenha sido aproveitado no time profissional com algum sucesso.
Se formos pegar então a década de 70, quando tínhamos o dirigente Bolão (Luiz Carlos de Oliveira), o Noroeste podia se dar ao luxo de jogar algumas partidas com 7 a 8 jogadores formados aqui.
Lembremos, por exemplo, de Tobias (goleiro), Tobias (zagueiro), Mauricinho, Luiz Carlos, Sagres, Wallace, Lêla, Baroninho, Zé Mário, Jorginho, Tecão, Dedê, Bira, Brito, Bonfim e mais uma dezena de garotos que foram genuinamente criados aqui em Alfredo Castilho.
Na década de 60, que também foi um período mais difícil para garoto ter vez entre os profissionais, o Noroeste revelou os goleiros Navarro e Chiquinho, os atacantes Batista, Airton Costela, Milão e Toninho Guerreiro, os zagueiros Otacílio, Hamilton e Ademar; o lateral Romualdo e tantos outros.
Nesse período de revelações muitos surgiam na Várzea, hoje Futebol Amador e outros foram gerados na Escolinha, nos andares de baixo do clube. Esse é um trabalho que precisa existir. Há de ter alguns idealistas e mesmo profissionais, para trabalhar esse viés do Futebol de hoje.
Sem revelar ninguém o Noroeste não tem estoque de reposição e lançamentos de jogadores e também não arrecada. Não vende nenhum jogador que tenha sido de “fabricação” caseira e que pudesse dar realmente lucro significativo aos cofres do clube.
Por: Paulo Sergio Simonetti